Luiz Sérgio vê 'golpe' do DEM na convocação de Palocci

(do Estadão) O ministro de Relações Institucionais,
Luiz Sérgio, classificou como "um
golpe" o procedimento do DEM na
Comissão de Agricultura da Câmara
para aprovar a convocação do
ministro-chefe da Casa Civil, Antonio
Palocci, sobre quem pairam dúvidas a
respeito da evolução patrimonial. Em
entrevista no Planalto, Luiz Sérgio
avisou que a base vai recorrer.

"Estamos seguros de que foi um golpe
dado pelo DEM na Comissão de
Agricultura. Eles não deram nem tempo
de as pessoas reagirem ou levantarem a
mão, dizendo apenas que ''quem aceita,
permaneça como está'' e,
imediatamente, emendaram dizendo
que estava aprovado", afirmou. "Não é
assim", reclamou, ao comentar a forma
como foi aprovado o requerimento de
convocação de Palocci.
Mesmo diante da ressalva de que todas
as votações nas comissões da Câmara
ocorrem dessa forma, Luiz Sérgio
insistiu que foi um golpe. "O presidente
da comissão agiu de forma
antirregimental. A base vai recorrer
dessa posição. Não pode colocar em
votação e declarar o resultado sem
sequer dar tempo para que aqueles que
se posicionaram contrário levantassem
os braços. Isso foi um golpe. Nós não
aceitamos", insistiu.
Questionado se o governo tem medo de
Palocci ser obrigado a prestar contas à
sociedade e ao Congresso, Luiz Sérgio
respondeu: "O governo não tem medo,
e o Palocci não tem medo. Tanto é que
toda essa polêmica é em cima de dados
que estão declarados à Receita e que
foram já respondidos à Receita Federal
e à Procuradoria-Geral (da República)".
Diante da insistência dos repórteres
questionando por que não deixar
Palocci aparecer, qual seria a razão para
o receio, o ministro disse que "não
existe nenhum receio". Segundo ele,
"Palocci está muito seguro da sua
situação no que se refere à questão
jurídica, à questão legal". Luiz Sérgio
insistiu em dizer que Palocci prestou
contas à Receita e à Procuradoria,
acrescentando que "nós entendemos
que o que precisava ser feito, foi feito".
Para ele, a oposição busca criar uma
crise onde não existe.
Lembrado de que não se trata de ação
apenas da oposição, mas que existem
até petistas pedindo a saída de Palocci,
o ministro Luiz Sérgio tentou minimizar.
"Não chegou ao meu conhecimento
declarações neste sentido (por parte do
PT). O que tenho visto são declarações
de solidariedade do partido e de
parlamentares ao ministro Palocci".
Luiz Sérgio reafirmou que o governo
teve informações precisas de que foi um
golpe da oposição e disse que o
próprio parlamento dará respostas,
porque "o parlamento tem regras e
regimento que precisam ser
respeitados. Essa é uma reação para
colocar as coisas no local adequado".
Questionado se Palocci vai à Câmara
caso o governo não consiga reverter a
convocação, o ministro disse: "Estamos
seguros de que o golpe dado pelo DEM
na Comissão de Agricultura será
revertido". Segundo ele, o que
aconteceu foi "inaceitável".
O ministro afirmou que foi informado
da convocação de Palocci durante a
reunião do conselho político, assim
como a presidente Dilma Rousseff e o
líder do governo na Câmara, Cândido
Vaccarezza (PT-SP). Ele disse que o
assunto não foi tratado na reunião, que
cuidou apenas de apresentar aos
parlamentares da base o programa
Brasil Sem Miséria.
Questionado sobre sua própria
situação, que tem sofrido críticas do
PMDB, Luiz Sérgio disse que a
declaração que leu na imprensa do
presidente do PMDB, Valdir Raupp, foi
de elogios ao seu trabalho. "Sou grato a
ele." Lembrado que internamente os
comentários é de que ele perdeu o
papel de articulação, o ministro Luiz
Sérgio respondeu: "Sobre o julgamento
da minha atuação, o que importa e o
que é fundamental para mim é a
avaliação da presidenta Dilma Rousseff".

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