Panetta promete reagir ao Irã contra arma nuclear e bloqueio de Ormuz
(do UOL) O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, afirmou neste domingo que as autoridades americanas não vão deixar o Irã desenvolver armas nucleares ou bloquear o estreito de Ormuz, área chave para o transporte do petróleo do Oriente Médio.
"Eles precisam saber disso: se eles derem esse passo, eles serão impedidos", ameaçou.
A tensão cresceu entre Teerã e Washington desde terça-feira (3), após a advertência iraniana sobre a presença da Marinha americana no Golfo enquanto realizavam manobras militares, despertando temores sobre o eventual fechamento do estreito de Ormuz.
Washington advertiu que manterá seus navios de guerra mobilizados no Golfo, enquanto a Casa Branca considerou que as advertências do Irã demonstravam sua "debilidade" e a eficácia das sanções aplicadas contra o país por impulsionar seu polêmico programa nuclear.
"Eles estão tentando desenvolver uma arma nuclear? Não. Mas nós sabemos que estão tentando desenvolver uma capacidade nuclear. E é isso que nos preocupa", disse Panetta à rede de TV americana CBS. "Para nós, a linha vermelha para o Irã é não desenvolver uma arma nuclear, bem como bloquear o estreito de Ormuz".
Panetta ressaltou que os EUA, atualmente, tentam pressionar as autoridades iranianas a seguir os apelos americanos usando as vias "diplomáticas" internacionais, inclusive com sanções econômicas.
"Acredito que a pressão das sanções vindas de todos os lugares --Europa, EUA, outros países-- está funcionando para faze-los entender que eles não podem continuar a fazer o que estão fazendo", defendeu.
O secretário de Defesa reforçou que o governo de Barack Obama não "retira nenhuma opção da mesa", mas que a atitude "responsável" a ser tomada no momento é "continuar colocando pressão diplomática e econômica" contra o Irã para garantir que o país não siga "com o desenvolvimento de armas nucleares".
Sobre a possibilidade de Israel querer cuidar do assunto sozinha e invadir o Irã, Panetta indicou apenas que os EUA estariam prontos para defender as próprias tropas na região.
OPERAÇÕES
As declarações de Panetta chegam no mesmo em que um jornal iraniano publicou que o Irã já iniciou um programa de enriquecimento de urânio em um novo edifício, bem protegido de eventuais ataques aéreos.
Um dos principais jornais locais do país, o "Kayhan", próximo ao governo iraniano, disse que Teerã começou a injetar gás de urânio em centrífugas sofisticadas em uma instalação em Fordo, perto da cidade sagrada de Qom.
Se confirmada a informação, a decisão pode aumentar as tensões entre a República Islâmica e países do Ocidente em relação às ambições nucleares iranianas. O Irã é acusado de tentar produzir armas nucleares, mas Teerã nega.
"O Kayhan recebeu relatórios ontem que mostram que o Irã começou a enriquecer urânio na instalação Fordo em meio a ameaças de inimigos estrangeiros", disse o jornal em uma reportagem de capa.
Um dos donos do Kayhan é um representante do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. O próprio chefe do setor nuclear iraniano, Fereidoun Abbasi, afirmou no sábado que o país "em breve" começaria o enriquecimento em Fordo.
NEGOCIAÇÕES
A inauguração do programa poderia bloquear novas negociações com as grandes potências no sentido de resolver a disputa nuclear por vias diplomáticas.
O Irã tem sugerido conversar sobre seu programa nuclear com os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha, mas o diálogo estão paralisados há um ano.
No final de dezembro, várias autoridades iranianas, em particular o chefe dos negociadores para a questão nuclear, Said Jalili, e o chanceler Ali Akbar Salehi, afirmaram que o Irã estava disposto a retomar as negociações com o grupo 5+1, composto por Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, França, China e Alemanha.
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