Aeronautas aceitam proposta e desistem de greve; aeroviários mantêm paralisação

(do UOL) Em assembleias realizadas na tarde
desta quinta-feira (22), os aeronautas
(funcionários que trabalham em voo)
aceitaram a proposta das empresas
aéreas e decidiram desistir da greve
anunciada para começar hoje, às 23h.
As assembleias foram realizadas em
São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e
Belém. A decisão vale para todos os
Estados.
Já os aeroviários (que trabalham em
solo) decidiram, em assembleias
realizadas ontem (21), manter a
paralisação, segundo Selma Balbino,
presidente do Sindicato Nacional dos
Aeroviários. A sindicalista afirmou que
a greve deve atingir os aeroportos do
Galeão (Rio de Janeiro) , Cofins (Belo
Horizonte), Brasília e Fortaleza a partir
de 23h.
No aeroporto de Congonhas, em São
Paulo, onde parte dos aeroviários
paralisaram nesta quinta, uma
assembleia na segunda-feira (26)
decidirá se haverá greve ou não. No
aeroporto de Guarulhos não haverá
greve, mas a paralisação em outros
terminais pode gerar reflexos e
causar atrasos e cancelamentos.
Ontem, o TST (Tribunal Superior do
Trabalho) determinou que, em caso
de greve, pelo menos 80% dos
funcionários estejam trabalhando.
Segundo Balbino, os trabalhadores
de cada aeroporto irão decidir se
cumprirão a determinação. "Eles vão
decidir no aeroporto. Se bancar que
todo mundo vai fazer greve, vamos
para a greve, com todas as
consequências", disse. Balbino ainda
criticou a decisão do TST: "a Justiça é
muito rápida para punir o
trabalhador, mas nem sequer fomos
ouvidos."
Negociação
As duas categorias anunciaram a
greve no início de dezembro, após
não chegarem a um acordo com as
empresas aéreas. Incialmente, os
trabalhadores reivindicavam 13% de
aumento, e as empresas ofereciam
3%. Os sindicatos pediam ainda
aumento de 10% no auxílio-
alimentação e nas cestas básicas e
reajuste do piso das categorias de R$
1.000 para R$ 1.100 .
Após reunião de conciliação no TST,
as companhias subiram a proposta
para 6,17% --valor equivalente à
inflação do último ano, medida pelo
INPC (Índice Nacional de Preços ao
Consumidor)- - e aceitaram as outras
exigências. Os trabalhadores
rebaixaram para 8% o pedido de
reajuste, conforme orientação da juíza
do TST que mediou a reunião. Como
não houve acordo, a greve foi
mantida.
Ontem, as empresas aéreas subiram a
proposta para 6,5 % de reajuste. Para
o secretário-geral do SNA, Sérgio Dias,
o avanço na reposição salarial foi
pequeno, com margem de apenas
0,33% acima da inflação, mas o
sindicalista avalia que houve melhoria
importante no aumento de 10% do
piso salarial das categorias.
Segundo ele, o acordo beneficia
principalmente os funcionários de
empresas menores, que têm menos
força de reivindicação. “Foi o possível,
a expectativa era maior. Poderia ter
sido melhor, com um pouco mais de
mobilização e sensibilidade dos
patrões. Houve crescimento no setor
e os trabalhadores contribuíram
bastante para isso”, disse Dias.
Paralisação e protesto em
Congonhas
Os sindicatos de aeroviários dos
aeroportos Santos Dumont (Rio de
Janeiro), Manaus e Congonhas (São
Paulo) ligados à Força Sindical --o
restante é ligado à CUT (Central Única
dos Trabalhadores) -- já haviam
aceitado a proposta de reajuste de
6,17%, além do aumento no valor do
piso, cesta básica e auxílio
alimentação.
Em Congonhas, porém, um grupo de
aeroviários, em sua maioria da TAM,
decidiu fazer uma paralisação hoje, o
que provocou alto índice de atrasos
nos voos. Os funcionários também
realizaram um protesto no aeroporto.
Segundo a companhia área, parte dos
funcionários do setor de rampa,
responsáveis pelo manuseio de
cargas e bagagens e pelos
equipamentos de solo que atendem
as aeronaves, cruzaram os braços.
No começo da tarde, a TAM afirmou
que a paralisação estava encerrada.
Trabalhadores e empresas
participaram de audiência nesta tarde
no TRT (Tribunal Regional do
Trabalho) da capital. As empresas
ofereceram 6,5% de reajuste, além
dos outros benefícios que já haviam
sido acordados. A categoria realizará
uma assembleia para ver se aceita a
proposta.
A TAM divulgou nota afirmando estar
“empenhada para normalizar suas
operações” e disse que antecipou o
reajuste para os funcionários.
Procon autua empresas
Durante fiscalização realizada no
aeroporto de Congonhas nesta
quinta, equipes da Fundação Procon-
SP, órgão vinculado à Secretaria da
Justiça e da Defesa da Cidadania,
autuaram a TAM e a Gol por
irregularidades na comunicação e
atendimento aos clientes.
As empresas responderão a
processos administrativos e têm 15
dias para apresentar defesa. As
multas variam entre R$ 400 e R$ 6
milhões.

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