“Ele não é um psicopata”, diz psiquiatra sobre Farah

Cirurgião é julgado pela morte da amante em 2003
Foto: Agência Estado
O perito Itiro Shirakawa, psiquiatra responsável pelo laudo que avaliou a saúde mental do ex-cirurgião Farah Jorge Farah, afirmou, nesta segunda-feira, que o acusado de ter matado e esquartejado a então paciente Maria do Carmo Alves, em 2003, não é um psicopata, portanto poderá responder pelos seus atos criminalmente. Segundo o médico, Farah possui comportamento histriônico, uma tendência a agir de forma teatral. O julgamento está sendo realizado deste o início da tarde desta segunda-feira no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo.

“Ele não é um psicopata, mas tinha tendências a características histriônicas. No histórico dele, vinha exercendo sua profissão, então não era psicótico”, afirmou Shirakawa. “Dentro dos exames que fizemos foi identificado que não apresentava alucinações, delírios. Não tinha alterações psicopatológicas passíveis de nota”, completou.

De acordo com o perito, foi feito apenas um exame em uma única entrevista realizada em um dia, mas que isso é o suficiente para apontar algumas patologias. “Se ele tivesse transtorno mental, conseguiríamos diagnosticar patologias clássicas, mas transtorno de personalidade depende de outros exames”, disse. “Nesse exame posso dizer com certeza que exclui a inimputabilidade”, completou.

Condenado em 2008 a 13 anos de prisão, Farah está sendo julgado novamente depois de o Tribunal de Justiça de São Paulo acatar pedido de sua defesa, em janeiro do ano passado, alegando que laudos oficiais que atestavam o estado semi-imputável do réu na época do crime foram ignorados pelos jurados. De acordo com a tese da defesa, no momento do crime o cirurgião não tinha compreensão total de sua conduta.

Réu confesso do crime, o cirurgião não nega ter assassinado Maria. Sua defesa, porém, diz que, em março de 2002, a vítima ligou 3.708 vezes para o cirurgião, o que o teria efeito agir sob pressão. A defesa de Farah disse também que a mulher o ameaçava e, no dia do crime, o teria atacado com uma faca.

A defesa sustentou que Farah não premeditou o crime e que ele foi perseguido durante cinco anos pela vítima. Durante o julgamento, o acusado disse que se lembra apenas de uma luta corporal com a vítima. Após a briga, Maria do Carmo teria sido esfaqueada no pescoço e, com o ferimento, morrido dentro do próprio consultório. Farah então teria deixado o local, ido para o seu apartamento, e voltado quatro horas depois.

Utilizando os seus conhecimentos de médico e instrumentos cirúrgicos do próprio consultório, ele teria dissecado o corpo da mulher, retirando o sangue e seus órgãos vitais. Em seguida, teria cortado o corpo de Maria do Carmo em nove pedaços. Os relatos mostram também que ele retirou a pele das pontas dos dedos da mulher e destruiu as partes que pudessem levar a uma identificação.

A mulher foi morta e esquartejada no consultório do ex-cirurgião em Santana, na zona norte de São Paulo. O crime ocorreu em 24 de janeiro de 2003, mas partes do corpo de Maria do Carmo só foram achadas pela polícia três dias depois.

Farah ficou preso por quatro anos até que, em maio de 2007, a Justiça o autorizou a esperar pelo julgamento em liberdade. Desde 2006, o cirurgião está proibido pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) de exercer a profissão.
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