Ao ser preso, Reolon estava descalço, vestia trapos, apresentava ferimentos e a barba e o cabelo por fazer Foto: 21º Batalhão da PMPR / Divulgação |
Os crimes
A primeira vitima do agricultor foi o próprio pai, Otávio Reolon, no final de dezembro de 2009. Ao confessar o crime, Gilmar Reolon contou que o assassinato ocorreu por vingança e por desentendimentos devido a uma dívida. Segundo ele, aos 12 anos, depois de uma surra, havia jurado que mataria o pai. "Eu tinha uma divida e ele tentou me cobrar duas vezes. Como havia uma promessa e ele tentou me agredir na discussão, eu o empurrei e passei a mão numa foice e parti para cima dele", disse. O agricultor falou que depois do crime ficou preocupado em ser preso e sua família "passar fome e vergonha". Para evitar que isso ocorresse, em 6 de janeiro de 2010, ele entrou em casa armado com um pau e matou a sogra Petrolina Casanova, de 84 anos, a mulher Gema Casanova, 43 anos, a filha Gisele, 14 anos, e o filho Lucas, de 9 anos. Todos foram mortos com pauladas na cabeça. Em seguida, ele tentou o suicídio, se jogando com um veículo no rio, mas não conseguiu concretizar o intento. No dia seguinte, decidiu retornar ao sítio onde morava e colocou fogo na casa. Partiu para a mata, onde mais uma vez tentou se matar por enforcamento. "Mas o galho da árvore quebrou", disse ele. Reolon disse ter passado quase uma semana sem comer para tentar contrair uma doença e morrer. Como permaneceu vivo, resolveu invadir uma casa em uma propriedade próxima da mata para roubar alimentos. Indiamara Pereira dos Santos, 13 anos, estava sozinha na residência. Os familiares da menor haviam saído para ajudar um vizinho que estava se mudando e a menor não quis acompanhar, preferindo ficar assistindo televisão. Ao encontrara menina e com medo de ser reconhecido, Reolon a matou com golpes de pedras e de um facão que carregava e arrastou o corpo para a mata, onde voltou a se embrenhar. No inicio das investigações da chacina na casa de Reolon, a polícia chegou a solicitar que máquinas retroescavadeiras vasculhassem os escombros do incêndio, acreditando na possibilidade de encontrar o corpo do agricultor. Com o passar do tempo e o sumiço de Reolon, ele passou a ser considerado o principal suspeito das mortes de seus familiares.
Roubo de Gado
Em 2012, a polícia esteve perto de prender o agricultor por diversas vezes, ao investigar o roubo e abate de gado na região. Em janeiro, os policiais localizaram um acampamento na mata, próximo à casa onde Reolon matou o pai. Fios de cabelo do agricultor foram encontrados no local e encaminhados para exames de DNA. Os policiais localizaram bananas, milho verde, batata, mandioca, abóbora e moranga, alimentos plantados nas propriedades da região. Ontem, Reolon disse ter mudado de esconderijo por diversas vezes e, em pelo menos uma ocasião, chegou a avistar policiais em seu encalço. Ele porém, sempre permaneceu no interior da mata, só transferindo o acampamento. O agricultor confessou ter roubado e matado 10 cabeças de gado, retirando apenas parte da carne do animal. "Cortava apenas a parte da barriga e do traseiro do animal. O resto eu abandonava", revelou.
Localização suspeita
Quando policiais militares entraram na mata na manhã de sexta-feira para retirar Reolon, o agricultor já estava dominado pelo policial militar José Gilmar de Oliveira, que estava acompanhado por Ildemar Reolon, irmão do suspeito. Os dois contaram que estavam no local investigando o roubo de gado e encontraram o procurado. Ildemar é compadre do soldado. A versão apresentada não convenceu o delegado da 19ª Subdivisão Policial de Francisco Beltrão, David Ricardo de Andrade Passerino. Ele desconfia que Ildemar já tinha conhecimento do esconderijo do irmão no interior da mata e o estaria acobertando. Ele e o soldado da PM serão investigados.
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