Amigo de Juvenal, indonésio conduz explosão de R$ 130 mi no futebol chinês

Personagem misterioso, agente Joseph Lee intermedia negócios Brasil-China

Cuca e Aloísio aguardam por chegada de Montillo ao Shandong Luneng Foto: Divulgação
Cuca e Aloísio aguardam por chegada de Montillo ao Shandong Luneng
Foto: Divulgação
Acionista de uma das maiores fornecedoras de material esportivo do planeta, dono de restaurante de comida chinesa, lojas de carros e empreendimentos imobiliários. 

Apesar dos negócios diversificados, o indonésio Lee Yue Hung Joseph, um senhor de aproximadamente 50 anos e mais conhecido como Joseph Lee, sabe realmente o que é sucesso por causa da bola.

Agente licenciado pela Fifa, Lee é o grande responsável pela explosão de transferências entre o futebol brasileiro e o chinês. Só nos últimos dois anos, foram mais de R$ 130 milhões investidos por dois clubes chineses. Ele esteve em todas. A última foi a saída de Montillo do Santos.


Quando o Guangzhou Evergrande venceu a Liga dos Campeões da Ásia e chegou ao quarto lugar do último Mundial de Clubes da Fifa, Joseph Lee certamente celebrou tanto quanto os torcedores da equipe chinesa.

Era a consolidação de um projeto do 200º homem mais milionário do mundo e dono do Guangzhou, Xu Jiayin, investidor de hotéis de luxo, edifícios de primeira linha e ouro. Dinheiro empregado para comprar Darío Conca, Lucas Barrios, Elkeson, Muriqui e ter o treinador italiano Marcelo Lippi.

Representante do Guangzhou na América Latina, Lee intermediou todas essas transferências e chamou a atenção do novo rico local, Shandong Luneng. Foi o início de mais um ciclo: reticentes em negociar diretamente com brasileiros, os chineses encontraram no asiático Lee um representante de confiança.

Só nas últimas semanas, o investimento no Brasil foi de quase R$ 40 milhões para as contratações de Montillo, Aloísio, Renê Júnior e ainda um treinador de ponta: a primeira opção era Tite, mas quem topou o desafio chinês foi Cuca. O salário dele do Atlético-MG saltou aproximadamente cinco vezes: agora é de R$ 1,5 milhão por mês. 

Mas foi a partir de outro clube grande, o São Paulo, que Lee ganhou força no futebol brasileiro. Agente de Hernanes, o indonésio virou um dos principais homens de confiança de Juvenal Juvêncio no mercado de transferências. "Muitas vezes, o Juvenal liga para o seu Lee e pede ajuda para fazer contratações. A relação entre eles é de amizade", conta um ex-funcionário da Kirin Soccer, empresa que pertence a Joseph Lee.


Em operações que necessitaram de investimento, como as compras do zagueiro Rhodolfo e do lateral Cortês, Joseph Lee socorreu Juvenal Juvêncio e o São Paulo. Em troca, teve direito a escolher direitos econômicos e virou o agente de maior influência na base do clube. Na cartela de clientes da Kirin, atualmente, constam o titular Ademílson, o jovem sensação Ewandro, 17 anos, e ainda Mirray e Allan, que seguem nos juniores, entre outros. 

Foi graças à influência no futebol chinês que Lee ainda exportou a base são-paulina à China. Recentemente, o São Paulo fechou acordo com o mesmo Shandong Luneng, de Aloísio, para cuidar da formação de atletas do novo milionário local. O treinador Sérgio Baresi e mais quatro funcionários do Centro de Formação de Cotia já trabalham em território chinês junto a Cuca.

A última grande tacada de mercado são-paulina, por sinal, foi uma proposta quase inacreditável entregue por Joseph Lee. Reserva e desacreditado no Morumbi, Casemiro se transferiu ao Real Madrid por cerca de R$ 18 milhões. Nesta semana, Lee também intermediou a saída de Hernanes da Lazio para a Inter de Milão, negócio que beneficiará os cofres do São Paulo, clube formador do atleta. 

CPI do Futebol quebrou sigilo bancário e revirou negócios de Joseph Lee


Em novembro de 2000, quando ainda empreendia a trajetória no Brasil, Joseph Lee foi um dos 20 agentes que tiveram o sigilo bancário quebrado pela CPI do Futebol. A empresa dele, a Kirin Soccer, também foi investigada na época por suspeita de irregularidades em negócios com o exterior. No relatório final da CPI, entretanto, o indonésio não teve o nome citado.
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