Presidente rebate tese de que interceptação dos EUA ocorreu por motivo de segurança: 'o Brasil não abriga terroristas' |
"Sem o direito à privacidade, não há verdadeira liberdade de opinião, e não há democracia", afirmou ela, dirigindo-se ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. A presidente afirmou que a espionagem de um país a outro "fere o direito internacional e afronta os princípios que devem reger as relações entre eles".
"Jamais pode uma soberania firmar-se em detrimento de outra soberania", disse Dilma. "Pior ainda quando empresas privadas estão sustentando esta espionagem."
"Informações empresariais, muitas vezes de alto valor econômico e mesmo estratégico, estiveram na mira da espionagem", afirmou a presidente, acrescentando que a interceptação também abrangeu a missão diplomática e a presidência brasileiras.
Dilma ainda demonstrou indignação com justificativas de que a espionagem teria ocorrido por motivos de segurança. "Não se sustentam argumentos de que a interceptação destina-se a proteger as nações contra o terrorismo. O Brasil, senhor presidente, sabe se proteger. O Brasil não dá abrigo a grupos terroristas", disse. "Vivemos em paz com nossos vizinhos há mais de 140 anos."
Ela afirmou que o Brasil "redobrará os esforços para se proteger da interceptação ilegal". "Não podemos permitir que ações ilegais recorrentes tenham curso como se fossem normais, elas são inadmissíveis", disse.
A presidente afirmou que vai propor o estabelecimento de um marco civil multilateral para a internet que garanta a liberdade e a neutralidade da rede. "Meu governo vai fazer o que estiver ao seu alcance para defender os direitos humanos."
Em seu próprio discurso, logo depois de Dilma, o presidente Barack Obama disse que os EUA começaram a revisar a maneira como conduzem seus esforços de inteligência para equilibrar preocupações "legítimas" com segurança e respeito à privacidade. Mas defendeu a espionagem. "Como resultado deste trabalho, o mundo está mais estável que cinco anos atrás. Mas um olhar rápido nas manchetes de hoje indica que os perigos ainda existem", disse Obama.
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