Depois de cerca de 15 horas fechada por conta de um protesto organizado por caminhoneiros, a rodovia Castello Branco foi liberada na noite desta segunda-feira. Segundo a concessionária que administra a via, a pista foi bloqueada por volta das 6h e liberada somente às 20h20. A Força Tática da Polícia Militar foi chamada para desobstruir a rodovia. A Polícia Militar não informou se houve confronto.
De acordo com a administradora da pista, os caminhoneiros fecharam a via, que ficou com apenas uma faixa liberada durante o bloqueio, na altura do quilômetro 30. O trânsito ficou congestionado do quilômetro 13 ao 16, no sentido interior e do 24 ao 30 no sentido capital.
Segundo a empresa, logo após a desobstrução da Castello, um grupo de pessoas interditou o trânsito na rodovia Raposo Tavares, na altura do quilômetro 100, na cidade de Sorocaba. A pista também é administrada pela mesma empresa. O trânsito foi liberado na via por volta das 22h e o trânsito já está normalizado.
Na rodovia Professor Zeferino Vaz (SP-332), que liga Campinas a Mogi Guaçu, por mais de 14 horas manifestantes fizeram um protesto na praça de pedágio do quilômetro 135. As duas pistas da via ficaram interditadas até as 19h40, quando, depois de cerca de 14 horas, a pista foi liberada, após ação da Tropa de Choque da Polícia Militar. Esse é o segundo protesto organizado pelo grupo no local.
Segundo a concessionária que administra a via, manifestantes tentaram incendiar uma das cabines e atearam fogo a cones e placas de sinalização. O grupo não conseguiu incendiar o local, porque foi contido pela Polícia Militar.
Um grupo de representantes dos manifestantes foi recebido na sede da concessionária. As demandas serão repassadas pela empresa à Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp).
Na Anchieta, caminhoneiros interditaram duas faixas da pista sentido litoral, na altura do quilômetro 23 e reclamavam da postura do governo paulista em cobrar pedágios de caminhões por eixos, inclusive os que estiverem suspensos. A via foi desobstruída por volta das 20h. A polícia não informou se houve confronto.
Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.
A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.
A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.
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