MG: PMs, manifestantes e jornalistas ficam feridos durante protesto

Jovem de 16 anos caiu de viaduto durante correria em meio a tumulto nos arredores do estádio do Mineirão Foto: Ney Rubens / Especial para Terra
Jovem de 16 anos caiu de viaduto durante correria em meio a tumulto nos arredores do estádio do Mineirão
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra



O clima de paz durante o protesto pelas ruas de Belo Horizonte (MG) neste sábado chegou ao fim no momento em que os manifestantes chegaram ao cordão de isolamento feito pela Polícia Militar (PM) nas proximidades do Estádio do Mineirão, onde Japão e México disputam uma partida válida pela Copa das Confederações. Na tentativa de furar o bloqueio, participantes do ato jogaram pedras, bombas caseiras e outros objetos. A polícia começou a revidar depois de 15 minutos e lançou bombas de gás lacrimogêneo.
Pelo menos quatro policiais, cinco manifestantes, dois fotógrafos e uma repórter ficaram feridos.  Um manifestante chegou a cair do viaduto José Alencar. Identificado como Caio Augusto, 16 anos, ele foi socorrido por bombeiros e levado de ambulância a um hospital da cidade, com ferimentos na cabeça e nas pernas. Seu estado de saúde é considerado grave.

O tumulto na avenida Abraão Kaharan, limite estabelecido pela Fifa no entorno do Mineirão, causou muita correria. Um grupo começou a depredar lojas, quebrando vidros. Após o confronto, parte dos manifestantes seguiram em direção a orla da Lagoa da Pampulha para tentar acesso ao estádio por outro lado.  A PM reforçou o policiamento para isolar o estádio. 

Ao término da partida entre Japão e México, houve novo confronto entre agentes da Força Nacional de Segurança, policiais militares e os manifestantes, transformando os arredores da avenida Antonio Carlos em uma praça de guerra. Com bombas e muitos disparos de balas de borracha, as autoridades tentavam conter a multidão que se aglomerava nas proximidades do estádio.

Pelo menos 3,5 mil policiais, com o auxílio da Força Nacional de Segurança, fazem a segurança no entorno do estádio e tentam conter os cerca de 70 mil manifestantes, segundo a PM. Organizadores do ato estimam que há em torno de 120 mil participantes no protesto. 

"São vândalos, arruaceiros, que vêm apenas para causar transtornos. Não recuaremos, não aceitaremos", garantiu o tenente-coronel Alberto Luiz, assessor de comunicação da PM, mostrando objetos arremessados pelos manifestantes, como bolinhas de gude, bolas de sinuca, esferas de metal e rodas de carrinho de rolimã. 

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.
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