Irmão diz sentir alívio por Dom Odilo não ser o novo Papa

Em Toledo, no Paraná, o irmão do arcebispo de São Paulo, o cardeal Dom Odilo Shcerer, assiste ao anúncio do Papa Francisco, o cardeal argentino Jorge Mario Gergoglio. Scherer era cotado como um dos favoritos Foto: AP
Em Toledo, no Paraná, o irmão do arcebispo de São Paulo, o cardeal Dom Odilo Shcerer, assiste ao anúncio do Papa Francisco, o cardeal argentino Jorge Mario Gergoglio. Scherer era cotado como um dos favoritos
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O professor universitário aposentado Flávio Scherer, 67 anos, irmão de Dom Odilo Scherer - cardeal brasileiro até então apontado como um dos mais fortes candidatos à sucessão de Bento XVI - afirmou ainda estar "aliviado" ao assistir pela TV que seu irmão, atual arcebispo de São Paulo, não havia sido eleito o novo pontífice. "Não estou decepcionado. Pelo contrário, se eleito, a pressão sobre meu irmão seria iminente. A Igreja Católica precisa o mais rápido possível agir para conter a perda de fieis", disse. Na tarde desta quarta-feira, a fumaça branca que emergiu da Capela Sistina indicou que os 115 cardeais do mundo todo confinados no local haviam escolhido um novo papa. Cerca de uma hora depois, o argentino Jorge Mario Bergoglio, que escolheu ser chamado de Francisco, saudou os fiéis da sacada do Palácio do Vaticano. Na casa de Flávio, em Toledo, no oeste do Paraná, onde o arcebispo de São Paulo passou a maior parte de sua vida, a apreensão era grande momentos antes de o nome do argentino ser revelado. Ao lado do padre Inácio Scherer, pároco da catedral da cidade e primo de Odilo - e cercado por jornalistas do mundo inteiro - Flávio não desgrudava os olhos da TV à espera do anúncio. Bem-humorado, ele brincou com a nacionalidade do novo pontífice, relembrando a rivalidade histórica entre Argentina e Brasil no futebol. No entanto, descreveu como "acertada" a escolha. "Brasil e Argentina, apesar de serem adversários nos gramados, têm muitas semelhanças, inclusive um passado negro de ditaduras", acrescentou. Mais cedo, em entrevista à BBC Brasil, Flávio já havia criticado o "eurocentrismo" do Vaticano, razão pela qual, segundo ele, a Igreja Católica vinha perdendo fiéis. "A Europa tem aberto mão de seus valores mais caros. O Islamismo cresce e ninguém faz nada", afirmou no início da tarde desta quarta-feira. Para Flávio, a escolha de um papa latino-americano, o primeiro da história, poderá dar um "sopro de vida" à Igreja. Ela representaria o fim do que chamou de visão "eurocêntrica" da Igreja Católica.
BBCBrasil.com
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