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DF demite médico por falta e outros 22 responderão a processo
DF demite médico por falta e outros 22 responderão a processo
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Emergência do hospital regional da Asa Norte na tarde desta sexta-feira Foto: Gustavo Gantois / Terra |
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou nesta sexta-feira que 22 médicos da rede pública responderão a processo administrativo disciplinar por causa de falta sem justificativa ao plantão do último fim de semana. De acordo com o secretário-adjunto, Elias Miziara, um médico com contrato temporário e que atuava no hospital de Samambaia será demitido. Ainda segundo a secretaria, 17 profissionais justificaram as faltas, que foram acatadas.
"Sempre que há uma falta há um risco para a população. Não é desejável isso, mas esse número de faltas não chega nem a 5% do nosso contingente", justifica Miziara, acrescentando que o problema concentrou-se nas especialidades de clínica médica e ortopedia.
O caos na saúde pública do DF foi agravado com a ausência de 40 médicos no último domingo. A Central Integrada de Atendimento e Despacho (Ciade) do Corpo de Bombeiros, responsável pela distribuição de pacientes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), recebeu comunicados ao longo da semana pedindo que não fossem enviados pacientes aos hospitais das regiões administrativas de Ceilândia, Samambaia, Recanto das Emas, Santa Maria, Brazlândia e Paranoá por causa da ausência de profissionais para realizar atendimento.
A falta de atendimento irritou pacientes e criou, ainda que informalmente, uma força tarefa para que a população fosse atendida. O Terra visitou três hospitais do DF e verificou que longas filas ainda são comuns. No entanto, na presença da reportagem, funcionários se mobilizavam para atender pacientes que apareciam na emergência reclamando. Enquanto isso, outros saíam sem qualquer prestação de serviço.
"É o terceiro dia que procuro um hospital. Vim nesse porque já trabalhei aqui. Mas não adiantou", diz Raimundo Costa Ferreira, morador de Santa Maria que esteve no hospital regional da Asa Norte na tarde de hoje reclamando de problemas renais. "É humilhante rodar essa cidade atrás de atendimento e ser tratado como um bicho."
O secretário-adjunto concorda que há problemas localizados no atendimento, mas justifica que a rede de saúde pública do DF é obrigada a atender não apenas os habitantes locais, mas também os que vêm do entorno e até de outros Estados.
"Seria o melhor dos mundos dizer que temos quatro mil médicos para atender uma população de dois milhões e meio de habitantes. Mas a realidade é que há um aumento de ate 133% nos atendimentos de nossas unidades por causa de pacientes que são mandados para os hospitais daqui", reclama Elias Miziara.
Segundo a Secretaria de Saúde, há cerca de 4.400 médicos atuando na rede pública. Nos cálculos do governo local, seriam necessários em torno de 2.200 novos médicos para que o sistema fosse sustentável. No entanto, no último concurso realizado, foram aprovados apenas 1.099 das 2 mil vagas disponibilizadas.
"Há desinteresse pelo serviço público, falta pontual de profissionais, médicos que não são aprovados. São várias situações. É um problema multifatorial, nacional e que não é exclusivo da medicina", afirma Miziara.
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