Mundo,
Notícias
»
Assad diz que há uma agenda internacional para repartir a Síria
Assad diz que há uma agenda internacional para repartir a Síria
|
Foto: Sana / AP |
Em um aguardado pronunciamento em cadeia de TV nacional, o presidente sírio, Bashar al-Assad, afirmou que há uma "agenda para dividir a Síria". Enfrentando uma guerra civil que sucedeu uma onda de protestos iniciados em março do ano passado, Assad acusou agentes internacionais - ocidentais e árabes - de estarem por trás e manipulando os rebeldes, que ele chamou de terroristas.
O presidente sírio afirmou que grande parte dos combatentes que enfrentam o Exército do país há 22 meses são estrangeiros que carregam a ideologia terrorista da Al-Qaeda e manipulam as forças internas de oposição para repartir a Síria. Ele recusou que o país esteja passando por uma revolução. "Se é uma revolução, quem são os seus líderes e quais são seus pontos chave?", questionou.
Apesar de chamar os rebeldes de criminosos e de falsos jihadistas, Assad convocou os "patrióticos" sírios de todos lados para o diálogo e disse que o país não sairá da crise sem uma mobilização nacional total. Ele propôs uma iniciativa de conversas para buscar a reconciliação com "aqueles que não traíram o país" e indicou a possibilidade de uma nova Constituição e de um referendo para definir os rumos do país e encerrar as operações militares. Ele também sugeriu anistiar presos e compensar pessoas afetadas pelo conflito interno.
Contudo, ele afirmou que o governo ainda "não encontou parceiros" para uma solução política para a crise. "Não termos encontrado um parceiro não quer dizer que não estamos interessados em uma solução política, mas que não encontramos um parceiro", disse, acrescentando que o seu regime é como uma pessoa que deseja casar mas ainda não encontrou o companheiro ideal.
Assad disse que não dialogará com uma "marionete" do Ocidente, provavelmente se referindo ao Conselho Nacional Sírio (CNS), grupo de oposição que pretendia unir as diversas facções que lutam contra Assad e chegou a ser reconhecido como governo legítimo por alguns países europeus, mas jamais foi reconhecido por todos os grupos rebeldes como liderança legítima.
"O primeiro passo para uma solução política requer que as potências regionais parem de financiar e armar (a oposição), o fim das operações terroristas e controle das fronteiras", disse Assad.
O presidente sírio enfatizou que o Exército vai continuar lutando para que a Síria continue independente e afirmou que um país "com milhares de anos não pode ser ditado politicamente". Ele também agradeceu Rússia, China e Irã por não interferirem nas questões internas de seu país.
Bashar al-Assad começou seu primeiro discurso em sete meses sob os aplausos de uma multidão reunida na Casa de Cultura e das Artes, no centro de Damasco, segundo imagens transmitidas pela televisão oficial síria. "Nos encontramos hoje e o sofrimento está devastando a terra síria. Não há espaço para alegria enquanto a segurança e estabilidade estão ausentes nas ruas do nosso país", disse ao abrir o discurso.
Em diversos momentos do pronunciamento, a plateia presente no teatro respondeu à fala com gritos de apoio e prometeu defender Assad com "sangue e alma". Os presentes também correram na direção no palco e cercaram o presidente, que precisou ser protegido por seguranças, para tentar cumprimentá-lo ao término do discurso.
Segundo dados das Nações Unidas, mais de 60 mil pessoas, entre civis, rebeldes e soldados, já foram mortos nos quase dois anos de violência na Síria.
0 comentários