Apenas um terço dos seguranças tinha treinamento, diz funcionário

Mais de 230 pessoas morreram após o incêndio na boate Foto: Fernando Borges / Terra
Mais de 230 pessoas morreram após o incêndio na boate
Foto: Fernando Borges / Terra
Um dos seguranças que trabalhou na noite do incêndio na Boate Kiss, onde morreram mais de 230 pessoas na madrugada de domingo, confirmou que o aparato pirotécnico que provocou o incêndio foi disparado a partir de uma luva que estava na mão do vocalista da banda Gurizada Fandangueira. De acordo com a testemunha, que fazia segurança do palco e tentou acionar extintores de incêndio, o fogo só se espalhou pois dois extintores falharam por falta de pressão, apesar de estarem dentro do prazo de validade. “O sinalizador era da banda, eles que trouxeram, eles botaram em uma luva, na mão do vocalista, daí tinha uma hora que ele levantava a mão. Quando ele ergueu a mão, as faíscas batiam no teto e caiam no chão”, contou o segurança que preferiu não se identificar. “De repente, começou já a pegar fogo no teto. 

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Na hora, ninguém deu muita bola, porque foi muito pequeno, não tinha nenhuma fumaça. As pessoas não pensavam em fugir na hora, eles acharam que ia ter controle, e até teria controle, eu sei porque tenho curso de socorrista, se o extintor estive funcionando não teria acontecido, daria tempo de controlar o fogo”, afirmou ele. Segundo a testemunha, o extintor não estava vencido. “O problema é que não estava com pressão, e eu usei todas as formas possíveis para fazer funcionar”, relatou. “A casa tinha todos os extintores certos, só que não deram sinal, tentamos utilizar dois, o fogo começou a tomar conta, dai a gente só quis saber de se salvar”, contou. Ainda de acordo com o rapaz, dos 15 seguranças que trabalhavam no local, apenas cinco tinham treinamento adequado. “Os outros 10, eles contratavam na noite para ganhar R$ 40. O cara vinha, botava um terno, e se dizia segurança, mas os que tinham mesmo credencial, preparo e curso eram cinco. É que é difícil alguém querer trabalhar na noite para ganhar R$ 40.” O segurança diz que eram realizadas entre três a quatro festas por semana semelhantes à organizada na noite da tragédia. “A casa estava sempre lotada, rolava muito dinheiro ali, tanto que na noite do acontecido, quase 3 mil pessoas tinham passado pela boate. Rolou muito dinheiro naquela noite, tanto que a perícia da polícia encontrou o dinheiro na casa”, disse.
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