Vinte mil pessoas lotaram as arquibancadas para assistir ao duelo entre Brasil e Estados Unidos Foto: Emerson Souza / Agencia RBS |
(do Santa) Quem assistiu à derrota do Brasil sobre os EUA no vôlei feminino, na segunda-feira, pela televisão, não pode imaginar, nem de longe, o contexto onde o palco do espetáculo está montado: a Earls Court Enquanto as jogadoras suavam a camisa e os dois andares com aproximadamente 20 mil torcedores vibravam, apenas um quarto do espaço disponível nesta imensa arena estava sendo usado. Dos ginásios de esportes coletivos, este usado pelo vôlei é, de longe, o com mais história para contar, até abrigar os jogos de 2012. Um gigante de 40 mil metros quadrados. Para se ter uma ideia, o espaço é equivalente a quase seis campos de futebol (padrão Fifa é de 7,1 mil metros quadrados). E o mais interessante, por estar abrigado num local que sediou momentos históricos da música, não é estranho ao esporte. Em 1948, o espaço abrigou as disputas do boxe, ginástica, luta Greco-Romana e levantamento de peso. A única semelhança com os moderníssimos ginásios do Centro Olímpico é a origem humilde do local onde foi construído. Assim como Stratford foi totalmente remodelado para abrigar a vila central, Earls surgiu numa área enorme e pouco valorizada. Os ingleses adoram este tipo de revitalização. Momentos inesquecíveis do rock A construção foi, nos anos 1930, ideia de um empresário que queria rivalizar em shows com o famoso Olympia Exhibition Hall. Caiu no gosto popular. E se transformou no maior espaço para espetáculos de toda a Europa. E até hoje continua como uma casa que retornará a receber shows grandiosos, assim que a Olimpíada acabar. Assim que a bola de vôlei deixar de voar de um lado ao outro do local, George Michael assumira o comando. Quem gosta de música, vale lembrar de duas bandas, pelo menos, entre dezenas que aqui brilharam: marcaram história o disco ao vivo gravado pelo Led Zeppelin, neste palco, em 1975; e o Pink Floyd tem num show nesta casa um momento apoteótico, em 1973, e, claro, um encontro do The Wall em 1980. Será que foi por este motivo que a organização tirou um pouco as baladas do som ambiente e tocou uma releitura techno, em sequência, de Robert Plant , Roger Waters e cia? Bom, ninguém percebeu, nem as atletas que naquele momento aqueciam. Certamente as meninas, concentradas na partida, não sabiam que neste mesmo espaço onde doaram esforço físico, técnico e tático, deu uma palestra Alfred Hitchcock. Ele que morava na Cromwell Road, apenas atravessou algumas ruas, se dirigiu a pé e conversou sobre cinema. Na segunda-feira, se estivesse ali, correria o risco de levar uma bolada, ou filmaria o jogo. A segunda opção seria um honra para amenizar a derrota brasileira.
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