
(do Terra) Um levantamento divulgado nesta quarta-feira pela bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), com base em informações do Sistema de Acompanhamento da Execução Orçamentária (Siego), mostra que o governo de São Paulo não usou quase a metade (43%) do valor anunciado em investimentos para o Metrô entre 2003 e 2011. De acordo com o balanço da oposição, no período, o Estado anunciou que investiria R$ 17,1 bilhões no Metrô, mas gastou apenas R$ 9,8 bilhões - ou seja, quase R$ 7,3 bilhões deixaram de ser gastos na área. Os dados fazem parte de um "diagnóstico" que a bancada petista pretendia apresentar no fim do mês, com base em informações oficiais. A divulgação do levantamento ocorre no mesmo dia em que um acidente envolvendo duas composições na linha 3-Vermelha do Metrô deixou mais de 40 feridos na capital paulista. A colisão e as sucessivas panes registradas neste ano no Metrô e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) renderam várias críticas ao governo. Na avaliação de especialistas ouvidos pelo Terra, a administração estadual - responsável pelo sistema de transporte sobre trilhos - não tem investido pouco, mas paga o preço por ter demorado a agir. De fato, o mesmo levantamento demonstra que, se por um lado o governo ainda não cumpriu tudo o que prometeu, por outro, houve um aumento de investimentos nos últimos anos: o valor gasto com o Metrô em 2011 (R$ 1,3 bilhão) é 13 vezes maior que o executado em 2003 (R$ 99,9 milhões). Para o Sindicato de Metroviários de São Paulo e para o líder do PT na Alesp, porém, ainda falta "vontade política". Eles afirma que o transporte sobre trilhos em São Paulo não é prioridade para o governo. "As promessas são feitas, os valores são anunciados, mas, na prática, as coisas simplesmente não saem do papel. (O levantamento) demonstra três coisas: ou houve uma inversão de prioridades no caminho, ou eles são ruins de planejamento, ou são ruins de execução. Eu acho que são as três coisas. Eles não estão priorizando o transporte sobre trilhos", disse o deputado estadual Alencar Santana, líder da bancada petista. Já em relação à CPTM, o balanço mostra que não foi pago 17% do valor previsto para ser investido no sistema entre 2003 e 2011, embora o investimento tenha praticamente dobrado entre um ano e outro. "O que aconteceu é que São Paulo ficou muito tempo sem acreditar no transporte sobre trilhos, investindo em carros e no transporte individual. Estamos pagando o preço por ter passado mais de 30 anos sem investir na área", avaliou Ailton Brasiliense, presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), em referência ao período entre a década de 1970 e o início dos anos 2000. "A oferta que temos hoje era o que deveríamos ter há 25 anos", completou. Governo diz que investirá R$ 45 bilhões Procurada pelo Terra, a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos (STM) informou, por meio de nota, que "em nenhum momento o governo de São Paulo deixou de investir no transporte metro-ferroviário", e respondeu que, até 2015, "serão investidos R$ 45 bilhões pelo PPA (Plano Plurianual) na compra de trens, expansão e modernização do Metrô e da CPTM". O órgão também explicou que, em relação ao ano passado, parte do dinheiro orçado não foi investido por conta da "paralisação das obras de expansão na Linha 5-Lilás, por ordem judicial, e atrasos nas liberações dos licenciamentos ambientais para implantação da Linha 17-Ouro e para o prolongamento, em monotrilho, da Linha 2-Verde". "Cabe esclarecer que os valores que não foram executados, por motivo de força maior, estão em poder do Tesouro do Estado e já vem sendo aplicados nas obras de ampliação do Metrô", completou.
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