Sem depoimento de Cachoeira, presidente fala em "plano B"

(do Terra) Após a concessão de um habeas-corpus ao bicheiro Carlinhos Cachoeira, em que o Supremo Tribunal Federal (STF) autoriza o adiamento do depoimento dele à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), o presidente da comissão fala em "plano B". O senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) disse nesta segunda-feira que, em caso de ausência do acusado, transformaria a reunião de amanhã em uma sessão de votação de requerimentos. Durante a noite, Vital tentava confirmar a presença dos procuradores Daniel de Resende Salgado e Léa Batista de Oliveira, responsáveis pela operação Monte Carlo - que ocasionou a prisão de Cachoeira em fevereiro deste ano - na audiência, o que evitaria a votação. Caso não se confirme a participação dos procuradores, porém, o senador garante que a sessão ocorrerá na terça-feira. "Imediatamente eu convoco reunião administrativa, para não perder o dia. Votos os requerimentos de que estou preparando pauta. Tenho que preparar um plano B, que seria antecipar a reunião administrativa para amanhã", disse o presidente mais cedo nesta segunda, antes de saber da decisão do Supremo. O presidente da comissão garante que a decisão do STF não atrasa as reuniões programadas para a CPI do Cachoeira. "Estávamos trabalhando com a hipótese de ele não falar. Seu advogado já tinha usado dessa prerrogativa quando pediu o adiamento do depoimento. Cachoeira vai ser reconvocado", afirmou Vital do Rêgo. Entre os 171 requerimentos que devem ser votados amanhã, está o que convoca o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para depor na comissão e pede a quebra do sigilo telefônico da subprocuradora geral da República, Cláudia Sampaio, também mulher de Gurgel. Cláudia é acusada de omissão ao receber o inquérito da Polícia Federal sobre a operação Vegas, em 2009. O pedido abrange ligações feitas e recebidas por Cláudia a partir de 21 de maio de 2009. Outros dois requerimentos pedem a convocação do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, para explicar suas relações com o ex-diretor da empresa Delta, Fernando Cavendish. Pelas escutas, a Delta é acusada de injetar dinheiro em pelo menos três empresas de fachada comandadas pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira. Carlinhos Cachoeira Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão. Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais. Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes. Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário. O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas. Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
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