Câmara dos Representantes rejeita projeto democrata sobre dívida

(do G1) A Câmara dos Representantes dos
Estados Unidos , dominada pelos
adversários republicanos de Barack
Obama , rejeitou neste sábado (30) um
plano dos democratas do Senado para
elevar o teto da dívida, três dias antes
do prazo limite fixado pelo Tesouro.
Os representantes rejeitaram por 246
votos contra 173 o texto elaborado
pelo chefe da maioria democrata Harry
Reid. Com este voto , os republicanos
da Câmara e seu líder , John Boehner ,
quiseram responder à rejeição na
sexta -feira pelo Senado de um texto
republicano.
Com a proximidade da data limite para
evitar um calote do governo norte -
americano , os líderes parlamentares
dos EUA vivem um tenso final de
semana de negociações para tentar
chegar a um acordo para elevar o teto
da dívida de US$ 14 ,3 trilhões do país.
O prazo para que republicanos e
democratas cheguem a um acordo
termina na próxima terça -feira (2 ) –
data em que o governo federal pode
começar a ficar sem dinheiro para
pagar suas dívidas . Democratas e
republicanos devem passar os
próximos dias discutindo um possível
acordo para evitar o calote – mas é
dífícil prever o que irá ocorrer.
O presidente Barack Obama está
reunido na tarde deste sábado com o
líder democrata do Senado Harry Reid
e a líder do partido na Câmara dos
Deputados Nancy Pelosi para receber
uma atualização sobre o debate limite
da dívida, avisou antes a Casa Branca .
Mais cedo, ele voltou a pedir que
democratas e republicanos cheguem a
um acordo rápido lembrando que há
"áreas significativas" de concordância
para isso.
"Vejam , os partidos não estão tão
longe disso " , disse Obama em sua fala
semanal por rádio e internet.
"Estamos diante de uma dura
discussão sobre quando gasto
precisamos cortar para reduzir nosso
déficit" , disse . "Estamos de acordo
com um processo para encarar uma
reforma fiscal e uma reforma da ajuda
social. Há muitas saídas para esse
problema. Mas há muito pouco
tempo" , disse.
Impasse
Republicanos e democratas não
conseguem fechar um projeto em
comum para reduzir o déficit
orçamentário do país e elevar o limite
de endividamento do governo federal.
Obama defende um plano bipartidário
definitivo , que prevê cortes de gastos e
põe fim a isenções de impostos aos
mais ricos.
Os republicanos, contudo , propõem
um plano de cortes de gastos e
aumento do teto da dívida em duas
fases , o que o presidente não quer , já
que seria necessário debater o
assunto novamente em 2012, ano de
eleições no país . O plano republicano
foi aprovado na Câmara nesta sexta-
feira, mas barrado em seguida pelo
Senado, de maioria democrata. A
votação deste sábado representa uma
resposta republicana à rejeição de seu
texto no dia anterior.
Ainda neste sábado, uma carta
assinada por 43 dos 47 republicanos
do Senado foi divulgada afirmando
que eles não votarão a favor de um
plano democrata .
Saídas possíveis
No vídeo ao lado , economista
explica como seria um ' calote ' dos
EUA
Uma das possibilidades para a solução
do impasse é justamente o que tem
causado o conflito no Congresso : um
plano sobre o teto da dívida que seja
aprovado tanto pelos republicanos
quanto pelos democratas. Esse plano,
além de aumentar o limite de
endividamento do país, hoje em US$
14, 3 trilhões, precisaria possibilitar o
reajuste das contas do governo dos
EUA em longo prazo, explica o
coordenador do curso de Negócios
Internacionais e Comércio Exterior da
Fundação Getúlio Vargas (FGV), Evaldo
Alves .
“Em condições normais , o ideal seria
chegar a um acordo e , como
decorrência, a uma aprovação de um
plano de contenção de gastos e
aumento de impostos ( ...) . Só que os
EUA estão passando por uma época
em que começa a existir um grande
radicalismo político , nenhum lado
quer abrir mão ( ... ). É um diálogo entre
surdos ”, avalia o especialista.
Caso o Congresso não chegue a
nenhum acordo até o dia 2 de agosto ,
outra possibilidade seria que o
presidente Obama elevasse o teto da
dívida por meio de um decreto, por
exemplo . O professor Arthur
Bernardes do Amaral, da PUC-RJ,
explica , porém , que Obama só poderia
tomar uma atitude arbitrária em casos
extremos. “Só pode em caso de
segurança nacional. Ele não poderia
fazer isso ordinariamente , só
extraordinariamente.”
Caso esta seja a escolha de Obama ,
Amaral diz que “ as consequências
políticas seriam muito graves” . “Ele
seria acusado de arbitrariedade . (.. .) O
país foi fundado em cima do princípio
de combater a tirania. Se o Obama agir
como um autocrata, vai passar por
cima da divisão do poder .” Isso, na
opinião do professor, poderia
comprometer uma tentativa de
reeleição em 2012 .
Possível calote
Apesar de considerada remota pelos
especialistas ouvidos pelo G 1 , a
possibilidade de calote da dívida
americana coloca em cheque a
classificação de pagador mais seguro
do mundo .
“Nos mercados financeiros , já estaria o
caos no dia seguinte ( ... ). Isso
sinalizaria a incapacidade dos Estados
Unidos de fazer um acordo , o que, em
longo prazo, é preciso . Um calote seria
um sinal de que nem mais nos EUA a
coisa acontece . Geraria uma incerteza,
já que para todos os investidores do
mundo inteiro , o título americano é o
mais seguro do mundo ”, afirma o
professor de Economia da
Universidade de São Paulo (USP),
Carlos Eduardo Soares Gonçalves.

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