Brasil salta para 5 º lugar em ranking de atração de investimento externo

(do G1)
O Brasil saltou da 15ª posição para a
5 ª, de 2009 para 2010 , no ranking dos
países que mais receberam
investimentos estrangeiros, segundo
relatório da agência das Nações
Unidas para o Comércio e
Desenvolvimento ( Unctad ), divulgado
nesta terça -feira (26 ) pela Sociedade
Brasileira de Estudos de Empresas
Transnacionais e da Globalização
Econômica ( Sobeet) .
INVESTIMENTO ESTRANGEIRO DIRETO (em US $ bilhões)
Ranking
em 2010
País 2009 2010
1 º EUA 153 228
2 º China 95 106
3 º Hong Kong , China 52 69
4 º Bélgica 24 62
5 º Brasil 26 48
6 º Alemanha 38 46
7 º Reino Unido 71 46
8 º Rússia 36 41
9 º Cingapura 15 39
10º França 34 34
11º Austrália 26 32
12º Arábia Saudita 32 28
13º Irlanda 26 26
14º Índia 36 25
15º Espanha 9 25
16º Canadá 21 23
17º Luxemburgo 30 20
18º México 15 19
19º Chile 13 15
20º Indonésia 5 13
Fonte: Conferência das Nações Unidas para o Comércio e
Desenvolvimento ( Unctad )
De acordo com os dados do World
Investment Report 2011 , o Brasil
recebeu em 2010 um total de US $ 48,4
bilhões em Investimentos Diretos
Estrangeiros (IDE ) , valor 86 ,7 % maior
do que os US$ 25 ,9 bilhões atraídos
em 2009 .
O Brasil só ficou atrás de Estados
Unidos , China , Hong Kong e Bélgica
no ranking dos destinos preferenciais
dos fluxos globais de investimento
externo no ano passado.
“É a melhor posição já obtida pelo
Brasil , que registrou o maior
crescimento anual entre os Brics e a
quarta maior expansão no mundo em
termos de valores absolutos” , afirma
Luis Afonso Lima, presidente da
Sobeet .
E o Brasil pode subir de posição nos
próximos relatórios. Um levantamento
feito pela Unctad junto a empresas
multinacionais mostra que o Brasil
aparece na 4 ª posição entre os países
mais citados como principal destino
dos investimentos previstos até 2013 ,
atrás apenas da China, Estados Unidos
e Índia .
Segundo a Unctad , o fluxo de
investimento direto no mundo cresceu
5 % em 2010 , subindo para US$ 1 ,244
trilhão na comparação com 2009 .
Apesar desta ter sido a primeira alta
em três anos , o volume segue abaixo
dos níveis pré- crise em 15% e é 37 %
menor do que o registrado em 2007
(US $ 1 ,971 trilhão ). Para a Unctad ,
apenas no ano de 2013 , os fluxos
globais devem retornar aos patamares
anteriores da crise .
“O investimento global é muito insosso
ainda. É lento, gradual, arriscado e
diferenciado , baseado em poucos
setores da indústria e ligado a lucros
reinvestidos, o que não é
necessariamente capital novo ", avalia o
presidente da Sobeet .
Segundo o relatório , o cenário pouco
otimista é influenciado pelo
agravamento da crise de dívidas
soberanas de países da Europa e dos
Estados Unidos , bem como o
agravamento do sobreaquecimento de
economias em desenvolvimento, com
impactos sobre a inflação destes
países.
EUA lideram ranking
Os Estados Unidos continuaram a
liderar, no ano passado , o ranking de
atração de investimentos estrangeiros,
segundo o relatório . O país recebeu
em 2010 US$ 228 , 2 bilhões , volume
49, 3% maior dos que os US $ 152 ,8
bilhões de 2009 .
A China manteve -se em segundo
lugar , com o valor total subindo de US
$ 95 bilhões para US$ 105 ,7 bilhões ,
alta de 11%. Hong Kong , que estava
em quarto lugar em 2009 , com
ingresso de US$ 52 bilhões , assumiu o
terceiro lugar , com US $ 68,9 bilhões
no ano passado . E a Bélgica , que
estava na 17 ª posição , com US$ 24
bilhões em 2009 , ficou em quarto
lugar , recebendo US$ 61, 7 bilhões em
2010 .
Entre os destaques negativos estão a
Europa , com queda de 17,3 % nos
investimentos diretos recebidos, e
Índia , com recuo de 28, 8%.
O volume de investimentos
estrangeiros diretos recebidos pelo
Brasil no ano passado corresponde a
3 ,9 % dos fluxos globais . Em 2009 , o
país recebeu uma fatia de 2 ,2 % dos
fluxos globais. Em 2006 , o Brasil era
destino de 1 ,3 % do dinheiro externo.
Segundo a Sobeet , entre os fatores
que têm contribuído para o país atrair
um maior volume de investimento
estão o crescimento do mercado
interno , sobretudo com o avanço da
classe C , e as obras e oportunidades
relacionados à realização da Copa do
Mundo de 2014 e as Olimpíadas de
2016 .
Países em desenvolvimento
superam desenvolvidos pela 1ª vez
Pela primeira vez na história, os fluxos
de investimentos estrangeiros para
países em desenvolvimento superaram
os recursos aplicados em economias
desenvolvidas . Dos US$ 1 ,185 trilhão ,
51, 3% tiveram como destino
economias em desenvolvimento e
48, 4%, países desenvolvidos.
A participação da Europa caiu de
34%para 23, 7%. Já a da América Latina
subiu de 10, 5% para 12 ,8 %. A
participação da Ásia e Oceania passou
de 27,2 % para 28, 9%, e a da África
caiu de 5 ,3 % para 4 ,4 %
"Esta é uma tendência firme e há sinais
claros e contundentes de
continuidade" , afirma Lima. Do ranking
dos 20 países que mais atraíram
investimentos, metade são países em
desenvolvimento.
O relatório mostra também que, em
termos de origem , as saídas de
investimento das economias em
desenvolvimento já respondem por
29% dos fluxos globais . Em 2010 , seis
economias em desenvolvimento
encontravam-se entre as top 20
investidoras. O Brasil , segundo a
Unctad , respondeu no ano passado
por 0 ,9 % do total global.
“O Brasil teve um crescimento em
relação a 2009 , mas ainda está aquém
de outras economias , como México e
países asiáticos” , afirma Lima .
A Unctad prevê, que mantida a atual
velocidade de desconcentração dos
fluxos de investimento , em 2017 os
países em desenvolvimento deverão
ultrapassar as economias
desenvolvidas .
O relatório mostra ainda o
crescimento do uso por empresas
transnacionais de operações não
equitativas (‘ non-equity modes ’),
atividades comerciais não-acionárias
como fabricações por encomenda,
serviços terceirizados contratos
agrícolas , franchising e licenciamento.
Segundo a Unctad , em 2010 essas
operações geraram US$ 2 trilhões em
vendas , empregaram de 14 a 16
milhões de trabalhadores em países
em desenvolvimento e , em algumas
indústrias, foram responsáveis por 70
a 80% das exportações mundiais .
Brasil deve ficar com fatia de 4, 3%
em 2011
O Banco Central divulgou nesta terça -
feira que os investimentos estrangeiros
diretos na economia brasileira
somaram no primeiro semestre o
volume recorde de US $ 32, 47 bilhões ,
com elevação de 168 % frente ao
mesmo período do ano passado (US $
12, 09 bilhões ) . Para 2011 fechado, a
previsão do Banco Central é de uma
entrada de US $ 55 bilhões em
investimentos estrangeiros diretos, o
que, se confirmado, representará novo
recorde histórico .
Já a Sobeet prevê que os investimentos
estrangeiros irão chegar a US $ 65
bilhões em 2011 , uma alta de 34%. Em
todo o mundo , a Unctad estima que
os fluxos globais totais devam ficar em
torno de US$ 1 ,5 trilhão .
“A participação do Brasil deverá
chegar a 4 ,3 %, o que significa que irá
praticamente dobrar em 2 anos ” ,
afirma Lima.
A Sobeee faz um alerta sobre a
tendência de redução da participação
de setores industriais no total de
ingressos de investimentos diretos no
país . As indústras petroquímica e de
extrativismo mineral tem sido
praticamente as únicas a receber
aportes externos .
"O Brasil , cada vez mais , é visto como
um polo não de exportação, mas de
consumo de bens e serviços" , afirma
Lima, destacando que gargalos como
burocracia , infraestrutura precária e
alta carga tributária permanecem
como entraves para um maior fluxo de
investimentos externos.

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