A Escola Técnica Estadual de São Paulo (Etesp) ficou em primeiro lugar no Enem em São Paulo entre as instituições públicas Foto: Divulgação |
(do Terra)Como uma relação de quase oito candidatos por vaga no "Vestibulinho", a Escola Técnica Estadual de São Paulo (Etesp) garantiu pelo segundo ano seguido o "título" de melhor escola pública do Estado de São Paulo no ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), divulgado na tarde desta quinta-feira pelo Ministério da Educação (MEC). A instituição fez aproximadamente 660 pontos na média geral do Enem 2011. De acordo com o diretor da escola, Nivaldo Freire, é justamente o fato de ter um processo seletivo para estudantes do ensino médio que faz com que a Etesp tenha "alunos diferenciados". "Essa é uma das Etecs mais concorridas. Acabamos pegando alunos com excelente nível. Isso é uma coisa. Além disso, nós tornamos eles mais comprometidos no decorrer das aulas. Qual o objetivo deles? É entrar numa Unicamp (Universidade Estadual de Campinas, numa USP (Universidade de São Paulo). Aqui não tem alunos que não gostam de estudar. Neste sentido, eles já vêm bem preparados e deixamos ainda mais comprometidos", explica. Segundo Freire, neste ano, entre mil e 1,2 mil jovens se inscrevem para as cerca de 160 vagas do ensino médio, o que deixa a concorrência entre 6,25 a 7,5 alunos por vaga, dependendo do ano. Para se ter uma ideia, esta taxa é quase a mesma do curso de Economia na USP de Ribeirão Preto (8,20). E tem uma concorrência superior a do curso de Ciências Sociais (6,21) e História (6,77) na maior universidade do País. Fora a seleção, o diretor da escola ainda diz que a escola estimula os alunos a fazerem mais do que é exigido pelo professor. Além disso, a instituição tem aulas de reforço no período da tarde em quase todos os dias e pelo menos uma atividade extracurricular por semana, como, por exemplo, visitas a museus. "Dentro do possível, eles fazem algo além do que foi programado. O que a escola fez para isso acontecer? Oferecemos vários tipos de atividades, como visitas a museus , como o Museu da Língua Portuguesa, visitas a fóruns de matemática, além de aulas de reforço. Então a gente faz trabalho diferenciado no segundo período para manter o aluno além do período de aula na escola. Acho que isso enriquece", argumenta. Mas, não são apenas os estudantes que passam por seleção rigorosa para entrar na escola, os professores também precisam enfrentar um processo seletivo de até três etapas antes de entrarem na Etesp. "Os nossos professores passam por três processos, três fases. A primeira é analise de currículo. Eles trazem currículo deles para veremos se têm mestrado, doutorado. A segunda etapa é prova escrita, que fazemos só se tiver acima de 30 candidatos. (...) Mas, no (ensino) médio sempre tem muitos professores querendo. Matemática sempre tem (mais de 30 candidatos) e física também. A terceira etapa é uma prova didática. (O professor) vai lá e dá uma aula para uma banca de professores", conta. Ainda que seja a melhor pública, a Etesp é a 24º escola no ranking das melhores paulistas. Apesar disso, o diretor explica que a "filosofia" do Centro Paula Souza, responsável pela unidade, é de complementar a grade curricular com os cursos técnicos, que também são oferecidos na Etesp. "No ensino médio, o Centro Paula Souza tem a proposta de fazer junto com a escola técnica. O professor sempre reclama, mas eu acho que o que tem hoje de carga horária é o suficiente para formar um bom aluno. As atividades extras ajudam muito a gente", afirmou. A aluna Andressa Lais Mayumi, 17 anos, do 3º ano do ensino médio, diz que sente falta de uma grade curricular maior, mas elogia o ambiente e a seleção de alunos. "(O Vestibulinho) é bom porque seleciona os que querem estudar, os que vão se dedicar. É o mesma coisa do vestibular da Fuvest. Passam os que se esforçam para estar lá. (...) É um ambiente totalmente diferente (o da Etesp). Não tem sinal (nos intervalos ou entre as aulas). O aluno já tem que ter responsabilidade para se conscientizar do seu horário. Você fica mais responsável", afirma a adolescente que mora na zona norte da capital paulista e cogita fazer Economia na USP. Enem por escola O Ministério da Educação divulgou hoje as notas das escolas públicas e privadas que tiveram alunos inscritos na edição de 2011 do Enem. Apenas instituições de ensino com mais de 50% de participação e o mínimo de 10 alunos foram consideradas. A previsão era que os dados do exame do ano passado fossem divulgados na próxima segunda-feira, mas, de última hora, o MEC resolveu antecipar o anúncio e marcou uma entrevista coletiva com o ministro Mercadante. A divulgação do desempenho seguiu o modelo já adotado no ano passado, quando foi criada uma divisão das escolas em grupos de acordo com o percentual de participação na prova. Com cerca de 5,3 milhões de inscritos, o Enem de 2011 foi aplicado nos dias 22 e 23 de outubro daquele ano. A edição do exame foi marcada pelo vazamento de questões em uma escola particular de Fortaleza (CE), já que alunos tiveram acesso antecipado a perguntas da prova, utilizadas em um pré-teste aplicado pelo Inep no colégio. Apesar do vazamento, o exame não foi cancelado, apenas os estudantes da escola precisaram fazer uma nova prova. Enem 2011 O desempenho das escolas na edição de 2011 do Enem foi divulgado nesta quinta-feira e pode ser consultado no site do MEC. Segundo o levantamento, das pouco mais de 10 mil escolas analisadas, 47,62% eram privadas. A maior dos estudantes que prestaram o exame (83,86%) tem renda familiar per capita entre um e cinco salários mínimos (de R$ 622,00 a R$ 3,1 mil). De acordo com o MEC, a média das escolas privadas ficou em 596,2 pontos. Já as escolas da rede pública alcançaram 474,2 pontos. Entre as 100 primeiras colocadas no levantamento, apenas dez são públicas.
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