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“Não podemos aceitar que a população não possa pegar ônibus porque não sabe se vai ser queimado dentro do ônibus. A solução é comprar carro? Não tem que ser. O poder público é que deve dar segurança para a população. Não podemos aceitar o que está acontecendo como normal”, afirmou o estudante Marcos Garcia, 27 anos.
Desde as 16h, um pequeno grupo começou a organizar a manifestação em frente à biblioteca pública Benedito Leite. No começo, apenas um pequeno grupo pintava os cartazes e fazia barulho em cima de um carro de som. O estudante Diegon Viana, 23 anos, que faz parte do grupo Acorda Maranhão, afirmou que o grupo não tem lideranças consolidadas para evitar politização. Ele afirma que a reivindicação é para que todo o serviço público no Maranhão. “Não temos segurança. Mas também não temos educação, saúde de qualidade. Nosso grito é pela falência do serviço público no Maranhão”, pontuou.
O movimento não era composto apenas por estudantes. O mecânico Rogério Teixeira, 34 anos, também protestou afirmando que se colocava no lugar de um pai que teve que enterrar a filha com 6 anos idade, lembrando o caso da menina Ana Clara, que não resistiu aos ferimentos após ter 95% do corpo queimado e faleceu na última segunda-feira (6). “Ninguém aguenta mais essa violência no nosso Estado. Um pai de família vê a mulher está entre a vida e a morte. A filha morre dessa forma brutal. Queremos mudança”, lamentou.
Muitas faixas contra a governadora Roseana Sarney (PMDB) foram pintadas pelos manifestantes. Em uma, lembrou uma fala da governadora que disse que a onda de violência acontece porque o Estado está mais rico. “Piada do ano: ‘o Maranhão está mais violento porque está mais rico’. Fora Roseana Sarney”. Em outra dizia que a manifestação era “homenagem a Ana Clara, Márcio Nunes, policiais mortos e todas as vítimas da violência no Maranhão”.
A carreata saiu aos gritos de “Sarney, ladrão, devolve o Maranhão”. Barrada pelas grades que cercaram a Praça Dom Pedro II, a manifestação ficou bloqueada e os manifestantes se dispersaram por volta das 20h (horário local).
No dia 3 de janeiro, quatro ônibus foram incendiados, uma delegacia metralhada, um policial morto e quatro pessoas sofreram queimaduras. A menina Ana Clara não resistiu e morreu na última segunda-feira (6). A mãe, Juliane Carvalho Santos, 22 anos, com 40% do corpo queimado, foi transferida na noite de quinta-feira do Hospital Geral Tarquínio Lopes, em São Luís, para a Unidade de Queimados do Hospital Regional da Asa Norte, em Brasília.
Márcio da Cruz, 37 anos, com 72% do corpo queimado, foi transferido para o Hospital Geral Doutor Alberto Rassi, em Goiânia (GO). Abyancy Silva Santos, 35 anos, com 10% do corpo queimado, permanece no hospital Geral, em São Luís, mas deve receber alta neste sábado.

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