Segundo estudo, o Bolsa Família foi responsável por 28% da queda da extrema pobreza no Brasil
Cada R$ 1 investido no programa de
transferência de renda Bolsa Família gera um aumento de R$ 1,78 no
Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, segundo um estudo do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado nesta terça-feira, em
Brasília. A pesquisa, que integra um livro sobre o programa social,
coincide com os dez anos do Bolsa Família, lançado em 2003.
“O
Programa Bolsa Família é, por larga margem, a transferência com maiores
efeitos: na simulação, o PIB aumentaria R$ 1,78 para um choque marginal
de R$ 1 no PBF (Programa Bolsa Família). Ou seja, se a oferta for
perfeitamente elástica e os demais pressupostos forem respeitados, um
gasto adicional de 1% do PIB no PBF se traduziria em aumento de 1,78% na
atividade econômica”, diz o capítulo do livro “Programa Bolsa Família:
uma década de inclusão e cidadania”, que será lançado no próximo dia 30.
O
investimento do governo no Bolsa Família previsto em 2013 é de R$ 24
bilhões, o que representa 0,46% do PIB. O programa atende cerca de 13,8
milhões de famílias, o que representa quase 50 milhões de pessoas. O
valor médio do benefício foi de R$ 73,70, em outubro de 2003, para R$
152,35 em setembro de 2013.
De acordo com o
estudo, o aumento da atividade econômica com o investimento no Bolsa
Família é maior em comparação com transferências previdenciárias e
trabalhistas. O Beneficio da Prestação Continuada (BPC) e o seguro
desemprego vem em seguida na lista, representando um acréscimo de R$
1,19 e R$ 1,06 respectivamente para cada real gasto com os benefícios.
As
transferências previdenciárias e as transferências do Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço (FGTS) apresentam um impacto menor no PIB, com
acréscimos menores que 1% para cada percentual igual investido.
O
Bolsa Família, segundo o estudo, também causa um impacto positivo no
consumo final da economia e das famílias. Cada R$ 1 transferido no
programa gera um acréscimo de R$ 1,98 no consumo final e R$ 2,40 no
indicador do consumo final das famílias.
De
acordo com o presidente do Ipea, Marcelo Neri, o Bolsa Família é um
programa barato e realiza um giro forte na economia. Com a transferência
de renda para famílias pobres, aumenta o consumo e a produção de bens.
“O
Bolsa Família é um programa pró-pobre e os pobres tem uma
característica que é gastar a maior parte de sua riqueza. Cada real
gasto com o Bolsa Família, ele dá um giro muito maior na economia do que
com qualquer outro programa. (...) O maior caminho para fazer a
economia girar é o Bolsa Família, porque você dá um pouquinho e ele anda
mais que os outros benefícios, em termos de consumo”, disse.
Entre
2001 e 2012, a renda per capita entre os mais pobres cresceu 120,22% no
Brasil, uma variação quase cinco vezes maior que a faixa dos mais
ricos, que subiu 26,41%. O percentual da extrema pobreza caiu 69,2%
desde 2002, cumprindo em cinco anos, segundo o governo, a meta da
Organização das Nações Unidas (ONU) de reduzir pela metade a faixa em 25
anos. “O Brasil fez 25 anos em cinco”, disse Marcelo Neri, presidente
do Ipea.
Segundo os dados divulgados pelo
Ipea, o Bolsa Família foi responsável por 28% da queda da extrema
pobreza brasileira. Sem o programa a miséria subiria 36%, de acordo com o
estudo.
Bolsa Família ganha prêmio
Durante a divulgação dos números, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, anunciou que o programa Bolsa Família ganhou o 1º Prêmio para Desempenho Extraordinário em Seguridade Social, da Associação Internacional de Seguridade Social, com sede em Genebra.
Durante a divulgação dos números, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, anunciou que o programa Bolsa Família ganhou o 1º Prêmio para Desempenho Extraordinário em Seguridade Social, da Associação Internacional de Seguridade Social, com sede em Genebra.
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