Inteligência dos EUA nega ter espionado o Vaticano

O Papa Francisco deixa a audiência geral nesta quarta-feira (30) na Praça São Pedro, no Vaticano (Foto: Alessandro Bianchi/Reuters)
O Papa Francisco deixa a audiência geral nesta quarta-feira (30) na Praça São Pedro, no Vaticano
(Foto: Alessandro Bianchi/Reuters)
A Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) negou nesta quarta-feira (30) que o Vaticano seja um dos alvos de sua coleta de inteligência, desmentindo relatos da imprensa italiana.
Segundo a revista "Panorama", a agência espionou as conversas telefônicas na Cidade do Vaticano e também as ocorridas na residência onde o cardeal argentino Jorge Bergoglio ficou hospedado antes do conclave que o elegeu Papa.
De acordo com a publicação, que cita documentos do ex-técnico da CIA Edward Snowden, entre as 46 milhões de conversas telefônicas que se diz que a NSA interceptou na Itália, muitas delas se localizavam na Cidade do Vaticano.

A "Panorama", que antecipou um parte da informação que será publicada em seu número à venda na próxima sexta-feira, fala de um período de 10 de dezembro de 2012 até 8 de janeiro de 2013, mas "que supeita-se" que a espionagem continuou após conhecer o anúncio da renúncia ao pontificado do Papa Bento XVI, que ocorreu em 28 de fevereiro.
A publicação acrescenta que a espionagem ocorreu durante todo o conclave para escolha do novo Papa.

"Acredita-se que 'o grande ouvido americano' captou as conversas dos prelados no início do conclave, em 12 de março", quando foi eleito o Papa Francisco, afirmou a revista.
"Existe a suspeita de que até mesmo as conversas do então futuro pontífice podem ter sido controladas. Jorge Bergoglio já era desde 2005 objeto da atenção da inteligência dos Estados Unidos, de acordo com os relatórios do Wikileaks", acrescentou a Panorama.
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, minimizou a importância desta informação.
"Não temos nenhuma informação a esse respeito e, de qualquer maneira, isso não nos preocupa", declarou.
Entre as conversas escutadas estavam as que se produziam na Domus Internationalis Paolo VI de Roma, a residência que o então arcebispo de Buenos Aires, Bergoglio, ficou hospedado antes do começo do conclave que elegeu papa em 13 de março de 2013.
A publicação lembra que o nome do agora Papa Francisco já tinha surgido nos documentos filtrados pelo portal WikiLeaks, de Julian Assange.
O WikiLeaks revelava despachos dos serviços secretos americanos nos quais se falava de Bergoglio como um dos papáveis no conclave de 2005, assim como outros documentos datados em 2007 que relatavam sua "má relação" na Argentina com o presidente Nestor Kirchner.
Além disso, entre os espionados estaria o presidente do Instituto para as Obras de Religião (IOR), conhecido como o Banco do Vaticano, o alemão Ernst von Freyberg, que foi nomeado em fevereiro de 2013 por Bento XVI.
A revista "Panorama" explica que as chamadas captadas no Vaticano foram arquivadas sob quatro classificações: "Leadership intentions" (Intenções de liderança), "Threats to financial system" (Ameaças ao sistema financeiro), "Foreign Policy Objectives" (Objetivos de política externa) e "Human Rights" (Direitos Humanos).
Perguntado sobre esta informação, o porta-voz do escritório de imprensa do Vaticano, Federico Lombardi, afirmou que não tem informação sobre este assunto e acrescentou que não têm "nenhuma preocupação a respeito".
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