'Quem entra papa sai cardeal', diz arcebispo brasileiro sobre conclave

O cardeal Raymundo Damasceno Assis em fotografia de 20 de novembro de 2010 Foto: AFP
O cardeal Raymundo Damasceno Assis em fotografia de 20 de novembro de 2010
Foto: AFP
O arcebispo de Aparecida e presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno Assis, 75 anos, vai participar no próximo mês do Colégio de Cardeais que escolherá o sucessor de Joseph Ratzinger, o papa Bento XV. Como membro do colégio - que tem 120 membros - ele tem direito de votar e também de ser votado, mas afirmou que a passagem que o levará a Roma será de "ida e volta". "O resultado de um conclave é sempre uma surpresa. Pode durar um tempo longo ou ser muito rápido. O papa Bento XVI foi eleito no quarto escrutínio, em dois dias. Ninguém entra candidato a Papa, não é uma convenção política. Não há propaganda, publicidade. Todo mundo entra com poder de ser votado e votar", diz. "Sempre que vou a Roma compro passagens de ida e volta", disse ele, bem-humorado. De acordo com Assis, com a renúncia, Bento XVI ficará afastado do processo da escolha do novo papa. "Ele não terá uma influência decisiva. É diferente da política onde um ex-presidente tenta influenciar o governo seguinte, ou futuros candidatos à presidência. Bento XVI é muito comedido, muito discreto. É uma pessoa introspectiva, tímida. Certamente, após deixar o papado, vai se dedicar à reflexão, à oração", afirmou ele.Segundo Assis, durante o conclave é importante ter a capacidade de ler os sinais, o que se está pedindo para o novo pontificado. "Ninguém entra candidato a Papa, não é uma convenção política. Há uma brincadeira entre nós de que aquele que entra Papa sai cardeal ao fim da escolha", disse. O arcebispo, que recebeu Bento XVI em Aparecida durante a visita do papa ao Brasil em 2007, diz que o legado deixado por ele é muito precioso. "É um homem que deixa legado de simplicidade. Quando esteve conosco, quebrou inteiramente a imagem de um alemão duro, ortodoxo, rígido. Deixou todos encantados pela sua humildade". Assis conta que esteve com o papa pela última vez em outubro e que notou Ratzinger um pouco mais cansado do que o habitual. "Deu para sentir ali que a idade já estava pesando. Que ele estava um pouco mais magro, cansado. O peso do magistério acho que conta também. E foram essas, justamente, as alegações para a sua renúncia", afirmou.
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