Irã pede tempo para que Assad promova mudanças na Síria

Teerã, 29 jul (EFE).- O Irã, aliado
ferrenho da Síria, pediu tempo neste
domingo para que o presidente do
país, Bashar al Assad, leve a cabo
mudanças políticas e que se
reconheçam os direitos dos cidadãos
além de acusar Israel de liderar um
complô para eliminar o governo de
Damasco. Após um encontro em
Teerã com o ministro das Relações
Exteriores sírio, Walid Muallem, o
chefe da diplomacia iraniana, Ali
Akbar Salehi, afirmou que Israel tenta
derrubar o governo da Síria. "É
surpreendente que, quando o regime
sionista (Israel) age desse modo
contra a Síria, existam países na
região que ficam do seu lado",
acrescentou Salehi, se referindo, mas
sem citar, a estados como Arábia
Saudita, Catar e Turquia, que apoiam
a oposição síria. Para Salehi, "está
claro que alguns países, liderados
pelo regime sionista, realizam um
complô contra a Síria". O Irã acusou
os países ocidentais, especialmente os
Estados Unidos, de promover a
resistência na Síria contra o regime de
Assad e de fornecer armas, com a
colaboração dos países da região, aos
grupos insurgentes, considerados
"terroristas" por Teerã. Irã e Síria
consideram que o objetivo de Estados
Unidos e de Israel é acabar com o
apoio do regime sírio aos grupos da
resistência palestina e também
reduzir a influência do Irã na área. Os
rebeldes sírios e os EUA, por sua vez,
acusaram o Teerã de apoiar
militarmente o regime de Bashar al
Assad com armas, pessoal e
estratégias. O chefe da diplomacia do
Irã admitiu que existem grupos de
rebeldes sírios que buscam mudanças
e argumentou que o regime em
Damasco "está pronto para responder
as suas exigências legais." "É preciso
dar tempo ao governo sírio do
presidente Bashar al Assad para que
as mudanças aprovadas em plebiscito
possam ser implementadas, como a
formação de novos partidos e a
realização de eleições parlamentares",
explicou Salehi. De sua parte,
Mouallem disse que o governo de
Damasco segue comprometido com o
plano de paz elaborado pelo
mediador da ONU e da Liga Árabe,
Kofi Annan, embora tenha dúvidas
sobre como levá-lo adiante. Segundo
ele, o regime de Assad "tentou tirar
das cidades" as forças que combatem
na Síria, tanto do governo como da
oposição, "mas os grupos terroristas,
apoiados por alguns países da região,
não se comprometeram a isso", o que
o impede de avançar com o plano de
Annan. "O motivo pelo qual se
chegou a um ponto morto nas
negociações políticas com a oposição
são as ações terroristas dos rebeldes",
acrescentou Mouallem, que disse:
"Pedimos à oposição que inicie o
diálogo com o governo". Tanto Salehi
como Mouallem reivindicaram o "fim
da interferência estrangeira", o "fim
dos atos terroristas" e "acabar com os
massacres" na Síria, para poder
buscar uma saída política "entre
sírios" para o conflito agravado nos
últimos dias. Nas últimas semanas,
Salehi assinalou que Teerã entrou em
contato com grupos opositores sírios
não armados e reitero a disposição
de Teerã de sediar as negociações de
paz entre o regime de Damasco e a
oposição não violenta. O ministro das
Relações Exteriores sírio também tem
reuniões previstas com o presidente
do Parlamento, Ali Lariyani, e com o
secretário do Conselho Supremo de
Segurança Nacional, Said Jalili. O
regime do partido Baath na Síria e a
República Islâmica do Irã mantiveram
durante mais de 30 anos uma aliança
estratégica, tanto militar como técnica,
econômica e comercial, e Damasco é
o principal aliado árabe de Teerã. Hoje
mesmo, 245 dos 290 deputados do
Parlamento Iraniano assinaram uma
moção de apoio ao regime de Assad e
contra "qualquer intervenção
estrangeira" na Síria. A moção diz:
"Como membros do Parlamento
iraniano, nos alegramos que todos os
esforços e complôs para se
intrometer nos assuntos internos da
Síria dos EUA, do Ocidente e do
regime sionista, assim como o de
extremistas e grupos violentos,
marionetes de poderes anti-islâmicos,
tenham sido frustrados". EFE

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