
(do Terra) No meio do fogo cruzado entre o governo brasileiro e o secretário geral da Fifa, Jérome Valcke, o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014 (COL) afirmou, através de sua assessoria, que ainda ouvirá os dois lados antes de se pronunciar sobre o caso.
O presidente, Ricardo Teixeira, e o conselheiro do COL, o ex-atacante Ronaldo, ainda não deram declarações sobre o assunto, nem antes das críticas feitas por Valcke, nem após a resposta do ministro Aldo Rebelo, em que pediu para o secretário geral da Fifa deixar de ser o interlocutor da entidade máxima do futebol com os organizadores da Copa do Mundo de 2014.
Teixeira, que na teoria seria o principal elo de ligação entre a Fifa e o governo brasileiro, está com relações estremecidas com ambos os lados. O presidente do COL não consegue ter diálogo aberto com a presidente Dilma Rousseff. Os dois estiveram juntos apenas no sorteio das Eliminatórias da Copa, em junho do ano passado, no Rio. Na ocasião, a presidente esteve o tempo todo ao lado de Pelé.
Ele também é pressionado por um antigo aliado: o presidente da Fifa, Joseph Blatter. Desde dezembro, o suíço ameaça revelar à imprensa os documentos da investigação da justiça suíça sobre a falência da empresa de marketing ISL. O processso envolveria o próprio Blatter e também o presidente de honra da Fifa, João Havelange.
Entenda a polêmica
Em entrevista concedida na última sexta, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse que os organizadores do Mundial de 2014 precisavam de um "pontapé na bunda" para as obras da Copa do Mundo andarem no País, e afirmou que os preparativos brasileiros estão em "estado crítico".
"As coisas não estão funcionando no Brasil. Muitas coisas estão atrasadas... Acho que a prioridade do Brasil é ganhar o Mundial. Não creio que seja organizar a Copa do Mundo", afirmou Valcke.
"Não entendo por que as coisas não avançam. A construção dos estádios não está acontecendo dentro dos prazos. Por que será?", questionou o secretário. "Os organizadores precisam de um pontapé na bunda".
As palavras não foram bem recebidas pelo governo brasileiro, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou neste sábado que não quer mais Jérôme Valcke como interlocutor da Fifa para os assuntos relacionados à Copa de 2014.
"As declarações são inaceitáveis, inadequadas para o governo brasileiro. As declarações contradizem completamente com o que o próprio secretário falou em sua visita no dia 17 de janeiro. As informações não são verdadeiras, porque os estádios estão inclusive adiantados ao cronograma inicial da Copa", disse Rebelo.
"Diante dessas declarações, que são palavras inadequadas e inaceitáveis para qualquer tipo de relacionamento, o governo brasileiro vai enviar uma carta ao Blatter informando que não aceita mais o secretário geral, Jérôme Valcke, como interlocutor. O governo brasileiro vai continuar trabalhando com a certeza de que o Mundial será um sucesso", completou o ministro. A reação do secretário da Fifa foi classificar a atitude do governo do Brasil de "infantil".
Não é de hoje que Valcke vive às turras com as autoridades brasileiras. Em um último comunicado publicado no site da Fifa, o secretário pediu rapidez com a aprovação da Lei Geral da Copa: "o texto deveria ter sido aprovado em 2007 e já estamos em 2012", declarou.
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