(do G1) O presidente da Câmara dos
Deputados dos Estados Unidos , John
Boehner , está refazendo seu plano
orçamentário após descobrir que os
cortes de gastos apresentados eram
inferiores aos prometidos por ele ,
afirmou um porta -voz nesta terça - feira
(26 ).
“Prometemos que vamos cortar os
gastos em uma proporção maior que
usada para elevar a dívida - - sem
aumento de taxas -- e manteremos
essa promessa”, disse o porta - voz de
Boehner , Michael Steel.
“Enquanto falamos, membros do
Congresso estão buscando opções
para reescrever a legislação a fim de
que ela atenda a nossa promessa.”
Segundo a CNN , fontes parlamentares
dizem que a votação do texto que
estava prevista para esta quarta deve
ser adiada para quinta.
Análise do plano
O Departamento de Orçamento do
Congresso (CBO , na sigla em inglês),
órgão apartidário , revelou que o plano
de redução no déficit apoiado pelo
Partido Republicano diminuiria em US
$ 850 bilhões o buraco nas contas do
governo federal ao longo dos
próximos 10 anos , ou US $ 350 bilhões
menos do que previam os membros
do partido .
A maior parte da redução no déficit
seria motivada pela aplicação de
limites a gastos discricionários . Se
forem adotadas as limitações
propostas no plano republicano, a
economia seria de US $ 695 bilhões
com esses gastos, de US$ 20 bilhões
com despesas obrigatórias e de US $
135 bilhões com o pagamento de
juros , que diminuiria conforme a
dívida pública caísse.
Os cálculos do CBO são baseados na
referência para o orçamento
estabelecida em março, adotada como
padrão pelo Congresso . Os
republicanos pediram ao órgão que
também fizesse as contas tendo como
base a referência de janeiro , que
mostraria uma diminuição mais
acentuada no déficit ao longo dos
próximos dez anos porque não levaria
em consideração os cortes nos gastos
aprovados pelos congressistas desde
o início do ano.
Quando calculado tendo como base a
referência de janeiro , o plano dos
republicanos geraria uma economia de
US$ 875 bilhões em gastos
discricionários , de US $ 20 bilhões em
despesas obrigatórias e de US$ 175
bilhões com o pagamento de juros .
Líderes do Partido Republicano
disseram ontem que o plano reduziria
o déficit fiscal dos EUA em pelo menos
US$ 3 trilhões ao longo dos próximos
10 anos. Desse total , US $ 1 ,2 trilhão
viriam de cortes nos gastos - mais
especificamente da aplicação de limites
às despesas - e os US $ 1, 8 trilhão
restantes seriam resultado de uma
reforma no código tributário e em
programas sociais .
'Problemas sérios'
Na véspera, o presidente Barack
Obama afirmou, em pronunciamento
na Casa Branca, que a falta de um
acordo que permita elevar o teto da
dívida do país trará problemas sérios à
economia.
"Se continuarmos nesse caminho ,
nossa dívida vai causar problemas
sérios à nossa economia" , afirmou ele.
De acordo com Obama , o país deverá
ver um crescimento do desemprego e
alta nas taxas de juros . "E não
teremos dinheiro para criar empregos
suficientes ", disse .
O presidente dos EUA defendeu o
plano bipartidário que vinha sendo
debatido por republicanos e
democratas nas últimas semanas e
que, de acordo com ele , previa cortes
de gastos do governo ao mesmo
tempo em que poria fim a isenções de
impostos de tributos das fatias mais
ricas da população .
"Hoje estamos em um beco sem saída .
Temos que aumentar o teto da dívida
até a próxima terça, 2 de agosto, ou
não poderemos pagar todas as nossas
contas ", disse. " Pela primeira vez na
história nosso rating AAA (a nota de
crédito ) pode ser rebaixado" .
"Podemos entrar em uma profunda
crise econômica , causada
exclusivamente por Washington" .
Crítica
John Boehner reagiu ao discurso
afirmando que os Estados Unidos
"não podem entrar em default" , mas
advertiu que o " povo americano não
aceitará um aumento da dívida sem
cortes significativos nos gastos e uma
reforma" .
Boehner admitiu que "os empregos e
a poupança de um grande número de
americanos estão em jogo" , mas
acusou Obama de não aceitar as
soluções propostas pelos
republicanos.
Curto prazo
No domingo , Obama e os líderes
democratas no Congresso reafirmaram
sua oposição a um plano de curto
prazo para elevar o teto da dívida dos
EUA, ao final de uma reunião realizada
na Casa Branca.
Obama recebeu o líder da maioria
democrata no Senado, Herry Reid, e a
líder da minoria democrata na Câmara
de Representantes, Nancy Pelosi, por
pouco mais de meia hora neste
domingo , em meio às negociações
com os republicanos visando um
acordo para evitar o default .
O presidente insiste em que qualquer
acordo passe pelo aumento dos
impostos pagos pelas grandes
corporações e pelos setores mais ricos
da economia, uma proposta à qual se
opõem os republicanos.
"O plano de Boehner [John Boehner ,
líder republicano] , não importa a
forma como ele tente apresentá- lo, é
simplesmente um plano de curto
prazo e , portanto, uma
impossibilidade" , disse Reid, em
comunicado .
Neste domingo , o republicano
Boehner disse aos membros de seu
partido que pressionará para seguir
adiante com seu plano para aumentar
o teto da dívida em duas fases. O
aumento do teto da dívida ocorreria
até o fim de 2011 e, depois , seria
aumentado novamente.
Dias difíceis
Também no domingo , o chefe de
gabinete da Casa Branca, Bill Daley
disse que as negociações sobre o
limite de endividamento dos Estados
Unidos e a redução do déficit terão
"dias difíceis " à frente e que chegar a
um acordo em breve é crucial para
manter a confiança dos mercados.
Falando no programa da NBC ' Meet
the Press ', Daley se mostrou confiante
que o Congresso agiria em tempo
para aumentar o teto do
endividamento, já que os líderes
disseram que a moratória não é uma
opção.
Daley acrescentou , contudo , que
mercados ao redor do mundo estão
esperando para ver se as autoridades
nos EUA conseguem chegar a um
acordo . " Estamos chegando ao ponto
que mercados no mundo vão
questionar se o sistema político pode
chegar a um consenso e ceder para o
bem maior do país" , disse .
Daley afirmou que a Casa Branca
busca um acordo que aumentaria o
teto do endividamento para que outra
votação sobre o tema não seja
necessária antes das eleições de
novembro de 2012.
Secretário do Tesouro dos EUA
acredita em acordo
Já o secretário do Tesouro dos Estados
Unidos , Timothy Geithner , disse neste
domingo que é impensável para os
EUA não honrar suas dívidas e que
acredita em um acordo para resolver a
questão.
Falando à rede de TV CNN, Geithner
disse que é fundamental que o
Congresso aprove um novo teto da
dívida ao menos até 2013 , após as
eleições presidenciais de novembro de
2012 . " A coisa mais importante é
remover a ameaça de default do país
pelos próximos 18 meses ", disse
Geithner . " O que os líderes sabem é
que eles precisam chegar a um acordo
que passe pela Câmara dos
Deputados , pelo Senado e que o
presidente possa aceitar" .
Agências de rating disseram que
poderão cortar a nota de crédito 'AAA '
dos EUA se o país não conseguir
honrar seus pagamentos ,
provavelmente causando desordem
nos mercados financeiros globais .
Mesmo se os EUA não entrarem em
default , o rating poderá ficar sob
pressão se o Congresso e o
presidente falharem em acertar um
plano de longo prazo de redução do
déficit.
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