Metrô inflaciona preços em áreas nobres

(do Estadão) A despeito da polêmica em Higienópolis, onde
moradores protestaram contra a localização de
uma estação de metrô alegando a depreciação da
área, nos próximos seis anos novas linhas devem
chegar a alguns dos mais nobres bairros da capital,
trazendo consigo elevação nos já salgados valores
imobiliários dessas regiões. Em Moema, na zona
sul, onde passará a extensão da linha 5-Lilás, a
previsão de alta já supera os 15% em um ano, de
acordo com imobiliárias locais.
Em visita ao distrito de classe média alta, o Estado
constatou pelo menos dez novos
empreendimentos a menos de 600 metros da
futura estação Moema. Localizada na esquina das
avenidas Ibirapuera e Jamaris, ela deverá ser
inaugurada em 2015, e as obras começam em
junho.
"Moema é um lugar onde se pode adensar, o que
torna a região bastante atraente", diz Rubens
Júnior, diretor da regional de São Paulo da Rossi
Incorporadora. Em função da pequena área do
bairro, a valorização tende a ser homogênea, na
opinião do subdelegado da Seccional Sul do
Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São
Paulo (Creci-SP), Paulo Germano. Para ele, o acesso
fácil proporcionado pelo metrô é o principal
benefício aos residentes.
Lygia Horta, presidente da Associação dos
Moradores e Amigos de Moema (Amam), considera
positiva a chegada desse transporte e diz que a
população acompanha as mudanças com cautela.
"Algumas pessoas acham que o metrô pode atrair
gente que vem de outros bairros trazendo sujeira e
criminalidade", diz o corretor Paulo Mendonça.
O diretor geral de vendas da imobiliária Coelho da
Fonseca, Fernando Sita, vê como natural 0 processo
de alta no mercado: "O metrô valoriza o bairro,
aumenta a liquidez dos imóveis e diminui a
vacância". Sita acredita em maior liquidez
especialmente para imóveis com uma vaga na
garagem ou sem vagas.
"Os hábitos do paulistano estão mudando. Muitas
pessoas têm ido trabalhar de metrô, para fugir do
trânsito", avalia o especialista, para quem a
valorização em Moema pode chegar a 25%.
Pinheiros
Na zona oeste, onde a linha 4-Amarela entrou
parcialmente em operação, a situação é
semelhante. De acordo com o Sindicato da
Habitação de São Paulo (Secovi-SP), 475 unidades
residenciais foram lançados em Pinheiros, em 2010.
"A especulação imobiliária é espantosa", diz Nelson
Barth, integrante da Associação de Moradores e
Empresários de Pinheiros (Amepi). Por lá, um
estudo do Metrô divulgado em outubro mostrou
valorização de até 30%.
A especulação, segundo a diretora comercial da
Lello Imóveis, Roseli Hernandes, acentua-se
principalmente na iminência do início das obras, o
que requer calma dos possíveis compradores. Na
avaliação de corretores, quem compra antes de o
projeto sair do papel consegue os melhores preços.
Sita vê boas oportunidades também durante os
possíveis transtornos da construção. "No túnel da
Avenida Rebouças, por exemplo, muitos imóveis
ficaram vagos e desvalorizados por quase dois
anos."
A proximidade com o metrô é uma característica
especialmente apreciada por quem ergue
empreendimentos comerciais. Em Pinheiros, a
incorporadora Lindencorp constrói um edifício de
15 andares em frente à futura estação Fradique
Coutinho. "Como tínhamos o plano do Metrô,
sabíamos que seria um terreno interessante", diz o
gerente comercial da empresa, Paulo Millen. "O
produto ao lado da estação é desejo de consumo
de investidores e de usuários", diz.
Em março, a imobiliária Lopes divulgou estudo
mostrando que 109 de seus 229 novos
empreendimentos estavam, no máximo, a 1
quilômetro de linhas férreas prontas e futuras.
A valorização percentual em bairros nobres é
menor do que em regiões menos consolidadas da
cidade. "Esse tipo de evento tem impacto maior em
áreas mais carentes de transporte", opina Roseli.
Em valores absolutos, no entanto, distritos como
Perdizes, por onde deve passar a linha 6-Laranja
em 2017, e Moema continuam seletivos: em 2010, o
metro quadrado dos lançamentos residenciais no
bairro da zona sul passava dos R$ 10,8 mil.
Construções em áreas ricas e adensadas são de
difícil realização em função da pequena quantidade
de terrenos disponíveis. De acordo com a diretora
da Lello Imóveis, casas antigas, compradas "a preço
de ouro", são os principais alvos das construtoras.
"Não é fácil viabilizar empreendimentos, mas,
quando acontece, vende-se tudo."

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