(do Estadão) Com a superlotação e pouca infraestrutura dos
aeroportos de São Paulo, não é só o passageiro
que sofre - amigos ou parentes que costumam
deixar ou buscar alguém nos terminais são
multados por estacionar em local proibido. Em
Cumbica, em Guarulhos, Grande SP, e Congonhas,
zona sul da capital, as Polícias Rodoviária Federal e
Militar e a Companhia de Engenharia de Tráfego
(CET) aplicam 76 multas por dia - 3 a cada hora.
Só em Congonhas, as multas cresceram 31% em
2010 em comparação com 2009. As infrações são as
mesmas: estacionamento irregular em área de
embarque e desembarque, parada em fila dupla, e,
no caso de Cumbica, há quem deixe o carro no
acostamento da estrada que leva até o aeroporto. A
Rodovia Hélio Smidt tem 5 quilômetros e, de janeiro
até a semana passada, já tinha aparecido na
notificação de infração de 1.728 motoristas que
pararam ali para esperar alguém que chegava de
viagem.
"Já rodei no estacionamento, não tem vaga. Fiz o
retorno duas vezes e minha mulher ainda não
chegou. Então decidi esperar aqui mesmo", disse o
administrador de empresas Roberto Souza Pereira,
de 52 anos, no início da semana passada, parado
no acostamento. "É rapidinho", justificou ele, que
nunca foi multado.
A mesma sorte não teve a psicóloga Neusa Maria
Villar, de 45 anos, "Já levei uma multa porque
larguei o carro aqui para ir buscar meu filho. Estava
com pressa mesmo, admito, e não tive paciência de
procurar uma vaga", afirma ela, que agora adota
outra tática. "Não espero mais ninguém. Até venho
buscar, mas a pessoa tem de ficar me esperando
no desembarque."
Perigo
Além de um prejuízo que pode ser de R$ 53,10 a R
$ 127,69, estacionar no acostamento da estrada
naquela região tem um agravante: é área de
cabeceira de pista, por onde os aviões passam
voando baixo até pousar. Existe uma placa de
alerta, mas ela é ignorada por muitos motoristas,
principalmente nos horários de pico, quando há
mais infrações: entre as 6h e as 9h e entre 17h e
20h.
"A gente autua, remove o veículo e quando volta já
tem outro parado no mesmo lugar", afirma o
inspetor da Polícia Rodoviária Federal Vanderlei
Dias. "Infelizmente o estacionamento (do
Aeroporto de Cumbica) é insuficiente. Mesmo os
particulares da região ficam lotados", afirma.
Já nas áreas de embarque e desembarque de
Cumbica, as autuações são feitas pela PM - lá, a
média é de 56 multas diárias, 40 só por
estacionamento irregular. Ali só podem estacionar
táxis e veículos de fretamento, como vans. Carros
particulares podem apenas parar para o
passageiro descer ou embarcar.
Congonhas
No Aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital
paulista, situação se repete: o número de multas
por estacionamento irregular subiu de 537 para
706 em um ano na Praça Comandante Lineu
Gomes, em frente ao terminal. O taxista Reginaldo
Silva, de 47, já foi multado "algumas vezes" por
parar em fila dupla para deixar passageiro. "E tem
jeito? O sujeito está com pressa, não onde parar."
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