Iraquianos protestam contra falta de serviços básicos

Centenas de iraquianos participaram de manifestações dispersas no domingo, pedindo melhoras nos serviços básicos e a renúncia de autoridades governamentais locais, enquanto a turbulência toma conta de boa parte do mundo árabe.
Em Bagdá, cerca de 250 pessoas se reuniram no distrito pobre de Bab al-Sham para protestar contra a ausência de serviços públicos. "É uma tragédia", disse o engenheiro Furat al-Janabi. "Nem na Idade Média as pessoas viviam em condições como estas."
Algumas pessoas carregaram um caixão com a palavra "serviços" escrita, enquanto outras pediram a renúncia de todos os vereadores da câmara local de sua área.
Quase oito anos após a invasão liderada pelos EUA, a infraestrutura do Iraque continua gravemente prejudicada. O país sofre de escassez crônica no abastecimento de água; o fornecimento de eletricidade é intermitente, e o esgoto se acumula nas ruas.
Enquanto a frustração pública é um desafio ao governo no momento em que o Iraque emerge da guerra sectária que se seguiu à invasão, o país já foi libertado do governo autocrático, algo com o qual manifestantes em outros países, como o Egito, procuram acabar.

Nabil al-Jurani/AP
Manifestantes exibem cartões amarelos em protesto contra a falta de serviços básicos
Manifestantes exibem cartões amarelos em protesto contra a falta de serviços básicos, na cidade de Basra
Na cidade petrolífera de Basra, 420 quilômetros ao sul de Bagdá, cerca de cem manifestantes exigiram a renúncia do governador e de vereadores da cidade, dizendo que são corruptos.
Os manifestantes carregavam cartões amarelos, simbolizando o cartão amarelo que um árbitro pode apresentar numa partida de futebol.
"Eu e meus filhos dependemos totalmente de rações alimentares; sem isso, morreríamos. Encontro trabalho por um dia e depois nada mais nos dez dias seguintes", disse Nuri Ghadhban, trabalhador diarista no setor da construção e pai de seis filhos.
"Procuro querosene há um mês e não consigo encontrar. Antigamente tínhamos suficiente. O que eles (as autoridades) querem? Que nos incendiemos até que eles pensem em nós?".
TUNÍSIA
Os protestos na Tunísia que obrigaram o presidente Zine al-Abidine Ben Ali a deixar o governo, no mês passado, começaram depois de um jovem desempregado atear fogo ao próprio corpo em protesto contra o tratamento que recebera das autoridades. Desde então ocorreram uma série de auto-imolações em vários locais do mundo árabe.
Outras manifestações foram promovidas na cidade de Ramadi, no oeste do Iraque, e em uma cidade pequena perto de Diwaniya, no sul do país. Uma manifestação menor ocorreu em Mosul, no norte do Iraque.
Os protestos foram pacíficos e ocorreram depois de o primeiro-ministro Nuri al-Maliki, nomeado para um segundo mandato em dezembro, ter anunciado que pretende aceitar apenas metade de seu salário mensal de US$ 30 mil e que buscará impor um limite de dois mandatos a seu cargo.
Na quinta-feira a polícia iraquiana disparou tiros para dispersar centenas de moradores que protestavam perto da cidade de Diwaniya contra a escassez de eletricidade, água e outros serviços. Três pessoas ficaram feridas.
Protestos semelhantes contra as interrupções no fornecimento elétrico aconteceram em junho passado em Basra, onde a polícia abriu fogo. Dois manifestantes morreram.
Fonte:Folha
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