Preocupada com "blecaute" de comunicação, Fifa cobra 4G do governo

Quando anunciou Brasil como sede da Copa de 2014, Fifa exigiu bom serviço de telecomunicações; até aqui, oferta não corresponde aos planos para o torneio Foto: Erica Ramalho / Divulgação
Quando anunciou Brasil como sede da Copa de 2014, Fifa exigiu bom serviço de telecomunicações; até aqui, oferta não corresponde aos planos para o torneio
Foto: Erica Ramalho / Divulgação
Os estádios da Copa das Confederações estão na reta final de preparação, apesar dos atrasos. Mas quando a bola rolar, quem estiver lá dentro pode ter dificuldades para se conectar à Internet e publicar fotos das novas arenas nas redes sociais. Ao escolher em 2007 o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, a Fifa cobrou do governo brasileiro a garantia de um "serviço exemplar" de telecomunicações, ciente da enorme demanda por conexão de dados por parte tanto dos torcedores como da mídia. A promessa do governo foi de que haveria a oferta de serviços de Internet móvel de quarta geração (4G) a tempo para os eventos. Mas, a pouco mais de dois meses do início da Copa das Confederações, evento-teste para o Mundial que acontecerá em seis cidades de 15 a 30 de junho, o país ainda não possui uma oferta consistente de 4G nem mesmo para os clientes regulares das operadoras de telefonia móvel e ainda apresenta problemas na qualidade dos serviços nas redes atuais. "A única coisa que podemos fazer é acreditar no que o governo diz, que haverá tecnologia 4G. Temos de ter paciência", disse o diretor de comunicação da Fifa, Walter de Gregorio, durante encontro com correspondentes da mídia estrangeira no Rio de Janeiro, esta semana. A Fifa, que repetidamente tem cobrado do Brasil nos últimos anos que acelere o ritmo dos preparativos - com destaque para a polêmica frase do "chute no traseiro" dita pelo secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, em março de 2012 -, está preocupada com um possível "blecaute" das comunicações. Com mais de 4 mil jornalistas credenciados para a Copa das Confederações e estádios lotados, há a expectativa de uma enorme demanda por capacidade de rede, especialmente com as presenças no torneio da atual campeã mundial e da Europa, Espanha, e da tetracampeã mundial Itália, além da própria Seleção Brasileira. Transmitir informações e imagens com máxima velocidade de dentro dos estádios é fundamental para veículos de mídia em tempo real, e um eventual colapso nas conexões resultaria num problema de grande repercussão para os organizadores do evento. "Não posso imaginar um cenário em que os jornalistas não possam transmitir suas reportagens, é impensável um blecaute desse tipo", afirmou o diretor de comunicação da Fifa. A tecnologia 4G permite acesso à Internet móvel a velocidades bastante superiores às atuais disponíveis no País. A primeira licitação da frequência utilizada para esses serviços aconteceu em meados de 2012, com exigência para funcionamento a partir deste mês nas cidades-sede da Copa das Confederações. No entanto, as operadoras apontam a falta de regras claras gerais para instalação de antenas como um dos principais problemas, enquanto a Lei Geral das Antenas, projeto destinado a facilitar a instalação e compartilhamento de antenas de telefonia, circula no Congresso desde 2012 e ainda não foi aprovada em caráter definitivo. Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou, em fevereiro, que a Anatel "enfrentará dificuldades em implementar tempestivamente a parte que lhe cabe do compromisso assumido pelo Brasil de apresentar uma moderna estrutura de telecomunicações", diante da complexidade das contratações necessárias para a execução dos projetos previstos. Na sexta-feira, o secretário-geral da Fifa alertou que "nem todos os aspectos operacionais estarão a 100 por cento" na Copa das Confederações devido aos atrasos na entrega dos estádios.
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