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Ao criticar trotes, diretor da UFRJ chama regiões do País de atrasadas
Um e-mail enviado na última segunda-feira pelo diretor da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ericksson Rocha e Almendra, gerou repercussão entre os alunos da instituição. A mensagem, que trazia um alerta sobre as punições a organizadores de trotes, foi encaminhada a todos os estudantes de graduação matriculados nas variadas engenharias.
O trecho do texto que gerou polêmica chama atenção para a existência de alunos que chegam à matrícula com cabelos raspados e que parte deles deseja levar trote, "uma mostra de quão atrasadas culturalmente são suas regiões". O diretor também aponta o risco da retomada dos trotes com a chegada de novos calouros, "sobretudo alunos do interior do País onde tal prática ainda é generalizada".
A reação ao e-mail foi imediata, o que ocasionou um segundo e-mail de Ericksson Almendra, no qual reafirma a opinião de que "trote é sinônimo de atraso cultural" e que o uso do termo foi "intencional". Ele mencionou outros exemplos de atrasos culturais, como as touradas da Espanha e os escorpiões na China, qualificados como "uma aberração gastronômica". Mas disse que não teve a intenção de ofender.
"Longe de mim (ofender), peço desculpas se isso ocorreu, mas tive sim a intenção de provocar. Espero sinceramente que mais, muito mais, alunos tenham se sentido incomodados ... e ... reflitam".
Longe de mim (ofender), peço desculpas se isso ocorreu, mas tive sim a intenção de provocar
Ericksson Rocha e Almendra
Diretor da Escola Politécnica da UFRJ
Dois dias após a mensagem, alguns estudantes continuavan trocando e-mails de indignação na lista fechada da Escola Politécnica. No grupo do Facebook, já eram quase 250 manifestações.
Um estudante do 7º período respondeu prontamente ao diretor: "Sou contra esse tipo de recepção dos calouros. Mas não posso deixar de dizer que nesse e-mail o senhor fez alguns comentários que considero ofensivos. Tenho amigos fora do Rio, e nos Estados deles às vezes a própria família ou amigos próximos raspa a cabeça dos aprovados. Conheço rapazes que tiveram a cabeça raspada, e meninas que rasparam a sobrancelha e saíam com curativos coloridos sobre os olhos, com orgulho de terem passado para uma universidade. Não se sentiam ofendidos. E acima de tudo, não são pessoas culturalmente atrasadas".
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