Sánchez: saúde de Chávez preocupa Cuba por motivos financeiros

Para a blogueira dissidente, Cuba depende financeiramente da amizade com Chávez Foto:  / AFP
Para a blogueira dissidente, Cuba depende financeiramente da amizade com Chávez
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A saúde do presidente Hugo Chávez não preocupa somente seus partidários e opositores na Venezuela, mas também está na pauta do governo de Cuba. Ao comentar sobre os efeitos que uma hipotética morte do mandatário gerariam, a blogueira cubana Yoani Sánchez disse ao S8 que os irmãos Raúl e Fidel Castro não vão sentir saudades apenas do “companheiro Chávez”, mas também dos milhões de dólares que a ilha caribenha recebe da Venezuela. “A Venezuela de Hugo Chávez desempenha um papel parecido ao da União Soviética para Cuba nos anos 70 e 80. Os subsídios que chegaram do Kremlin naquele momento e os atuais que são enviados desde Miraflores são o suporte principal da sobrevivência de um sistema político e econômico que não foi capaz de produzir riquezas e prosperidade por conta própria”, afirma Sánchez. Cuba recebe petróleo da Venezuela em troca de médicos e assistentes que trabalham no país de Hugo Chávez. Atualmente, são 30 mil médicos trabalhando nas áreas mais pobres da Venezuela e outros 15 mil assistentes próximos ao governo. “Nossa ilha segue dependendo, em grande parte, das importações de alimentos e da ‘solidária ajuda’ venezuelana para sobreviver financeira e materialmente. Assim, caso Hugo Chávez saia da cena política e seus sucessores não mantenham esse tipo de relação com o governo cubano, o país estaria à beira de uma crise econômica”, diz Yoani. Para ela, a Venezuela controla, indiretamente, desde o petróleo até a internet em Cuba. Um sistema de fibra óptica ALBA-1, enviado do país de Chávez há dois anos, possibilita o acesso à internet, mas o número de beneficiados é baixo. Para Yoani, as relações que os eventuais sucessores de Chávez vão manter com Cuba podem definir o futuro da ilha. Ela acredita na possibilidade de uma crise econômica, mas admite que “não das mesmas proporções que a que ocorreu nos anos 90, depois do desmembramento da União Soviética”. Naquela ocasião, as restrições fizeram o Produto Interno Bruto (PIB) de Cuba despencar 36% e produziram efeitos diretos na vida dos habitantes da ilha, como a falta de alimentos e combustíveis. Hoje, Yoani Sánchez reconhece que a situação não seria tão grave, mas ressalta que, se a Venezuela der as costas para Cuba, “Raúl Castro se verá obrigado a aprofundar e acelerar as reformas, a priorizar o desenvolvimento empresaria privado dentro do país para compensar (a falta de dinheiro) através dos impostos e mediante a produção nacional”.
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