PT se reúne para criticar a oposição, mas silencia sobre mensalão

Com a presença do ex-ministro José Dirceu, condenado a quase 11 anos de prisão pelo envolvimento no mensalão, o Diretório Nacional do PT se reuniu nesta sexta-feira em Brasília para defender o partido e o governo da presidente Dilma Rousseff. Sobre o julgamento que ainda se desenrola no Supremo Tribunal Federal (STF), contudo, os petistas preferiram não emitir qualquer comunicado formal. O secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), admitiu que o processo, no qual a ex-cúpula do partido foi condenada, gerou um impacto relativo nas eleições municipais. "Se não tivéssemos (o mensalão) teríamos vencido em muito mais municípios. Certamente houve impacto. Não somos hipócritas e nem nos iludimos ao ponto de dizer que não houve impacto", disse Vargas. Questionado se Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares vão continuar a integrar o partido, o secretário se limitou a responder que o assunto "não está na pauta". O estatuto do PT determina a expulsão de filiados que tiverem "condenação por crime infamante ou por práticas administrativas ilícitas, com sentença transitada em julgado". Em resolução divulgada durante a reunião, o PT atacou a oposição por conta da não adesão das três estatais de geração de energia comandadas pelo PSDB ao plano de redução de tarifas, anunciado pela presidente Dilma Rousseff. A Cesp (SP), a Cemig (MG) e a Copel (PR) não aceitaram renegociar os termos dos contratos de concessão e provocaram uma reação enérgica da e de seu partido. "Estes governadores do PSDB e seus aliados - derrotados nas últimas eleições e de olho numa revanche em 2014 - são contra a conta de luz mais barata. Assim, colocam seus interesses econômicos e eleitorais acima do bem da população e do empresariado que está com a presidenta nesta batalha, que dá continuidade à difícil redução dos juros e da carga tributária", aponta o documento. Em nota divulgada após os ataques, o PSDB afirmou temer que a presidente Dilma Rousseff esteja seguindo "as ações populistas e intervencionistas" de seu colega venezuelano, Hugo Chávez, e disse que o PT quer criar uma cortina de fumaça para esconder escândalos ao criticar estatais elétricas de governos tucanos. "Se o governo (federal) abrisse mão de pelo menos parte dos dez tributos e encargos federais que incidem atualmente sobre a conta de luz, a tarifa de energia de todos os brasileiros já poderia custar menos e há muito mais tempo" afirmou o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE). Mídia Outra resolução divulgada durante a reunião mostrou mais uma vez o tom belicoso do PT em relação aos meios de comunicação. De acordo com o documento, a vitória de Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo ocorreu "em meio a uma feroz campanha promovida pela oposição de direita e seus aliados na mídia, cujo objetivo é o de criminalizar o PT". Além disso, o partido pregou a regulamentação dos meios de comunicação, aos quais acusou de promoverem o preconceito e manipularem questões ideológicas, culturais e religiosas. "Eles (meios de comunicação) continuam a marcar presença na cena política brasileira e são instrumentalizados pela direita e pela mídia conservadora, que vão se tornando, cada vez mais, uma simbiose obscurantista. Nosso partido defende a mais ampla liberdade de expressão", aponta o documento. A resolução ainda traz um balanço sobre a participação de membros do partido na campanha municipal. O ministro da Saúde, Alexandre Padrilha, gravou 1.562 inserções para candidatos em todo o Brasil. Em segundo lugar aparece o ministro Aloizio Mercadante, da Educação, com 687 gravações. Completam o ranking, pela ordem, os ministros Pepe Vargas, do Desenvolvimento Agrário; Marta Suplicy, da Cultura; e Ideli Salvatti, das Relações Institucionais. Argentina Ainda fazendo um paralelo com as críticas à mídia brasileira, outra resolução divulgada pelo PT apresentou uma defesa à presidente Cristina Kirchner, da Argentina, em sua luta contra o chamado monopólio do grupo de comunicação Clarín no país vizinho. Em sua manifestação de apoio à Lei de Medios, o PT defende a adoção, no Brasil, de "medidas previstas na Constituição de 1988 e à espera de regulamentação, que impeçam a existência de monopólios, especialmente a concentração de rádios e TVs nas mãos de poucas empresas", aponta o documento.
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