Mães de sequestrados colombianos receberam neste domingo com "alívio" o anúncio feito pela negociadora das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Sandra Ramírez, sobre a intenção da guerrilha de entregar seus "prisioneiros de guerra" em troca de rebeldes presos. Blanca Flórez, mãe de Jesús Antonio Rodríguez e porta-voz da organização de familiares de sequestrados e desaparecidos da Colômbia, afirmou em conversa telefônica com a Agência Efe que é positivo que em pleno processo de paz a guerrilha faça um gesto de boa vontade. "Começaram muito mal estes diálogos em Cuba, dizendo que não havia nenhum refém quando eu tenho mais de dois mil registros desde a década dos anos 90 e as famílias sabemos com provas que as Farc têm nossos filhos", acrescentou Blanca. Sandra Ramírez, que foi companheira do falecido fundador das Farc, "Manuel Marulanda Vélez" ou "Tirofijo" (1930-2008), confirmou que esse grupo rebelde tem "prisioneiros de guerra" e por isso mantêm vigente a proposta ao Governo colombiano de permutá-los. "Sim, nós temos prisioneiros de guerra e vamos entregá-los, mas que o Estado nos devolva os nossos que estão ali, nas prisões", declarou Sandra em entrevista publicada neste domingo pelo jornal cubano "Juventud Rebelde". "Em combate capturamos policiais, soldados. É diferente: são prisioneiros de guerra porque são capturados em combate. Respeitamos sua integridade física, suas crenças e seus direitos humanos", detalhou. Segundo Sandra, que se incorporou às Farc há 32 anos, há aproximadamente 700 insurgentes presos e que "também existem oito mil presos políticos e de consciência". De acordo com Blanca, que durante os 15 anos de ausência de seu filho percorreu o país buscando evidências e inclusive foi sequestrada pelas Farc, há um bom número de jovens que foram sequestrados e obrigados a incorporar-se às fileiras da guerrilha. "Não convém à guerrilha ter de alimentar todos os sequestrados, por isso muitos deles foram incorporados às suas fileiras e não são contabilizados como sequestrados nem como prisioneiros de guerra", explicou. Precisamente esse foi o caso de seu filho, "que está pelos lados de Huila (departamento no sul do país)", como lembrou que revelaram perante as autoridades dois guerrilheiros presos. "Me alegro muito que (as Farc) tenham a intenção de entregá-los, mas quero ir a Cuba para que expliquem o que acontece com todas essas pessoas que sabemos que têm na selva da Colômbia", acrescentou Blanca. De acordo com os números da fundação contra o sequestro País Libre, as Farc têm ainda em seu poder 27 reféns.
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