Internet: reunião na ONU pode mudar radicalmente a rede


Reunião de organismo da ONU que se realiza em Dubai vai discutir os rumos da internet. Foto: Mon Labiaga Ferrer/Flickr.com/Reprodução
Reunião de organismo da ONU que se realiza em Dubai vai discutir os rumos da internetFoto: Mon Labiaga Ferrer/Flickr.com/Reprodução
Os olhos da internet no mundo se voltam para Dubai a partir desta segunda-feira, quando começa uma reunião de 12 dias em que a estrutura internacional da internet será debatida pelas 193 nações da União Internacional de Telecomunicações da ONU (ITU, na sigla em inglês). O evento já se inicia com uma polêmica: uma campanha liderada pelo Google questiona a legitimidade do controle da rede pela ONU e a exclusão das empresas e usuários da votação que poderá definir o futuro dos negócios e dos usuários na rede. Além do Google, deputados europeus também questionam a legitimidade da organização para legislar o tema, durante a Conferência Mundial de Telecomunicações Internacionais 2012. Realizada em Dubai, nos Emirados Árabes, o encontro vai até o dia 14 de dezembro, com o objetivo de revisar o tratado firmado em 1988 para facilitar as negociações comerciais e técnicas internacionais entre as operadoras de telecomunicações. Na pauta oficial, entram o direito humano de acesso às comunicações, segurança no uso de TICs, proteção de recursos críticos nacionais, marcos regulatórios internacionais, cobrança e contabilidade, interconexão e interoperabilidade, qualidade do serviço e convergência. Por trás da pauta, críticos apontam tópicos mais polêmicos como uma possível carta branca a países como o Irã e a China para a retirada do ar de blogs e outros conteúdos, além de restrições que esses governos impõem à internet. No bolso dos gigantes da rede Outra batalha que deve ser travada envolve a sugestão de que se mude a estrutura de pagamentos da internet de modo a forçar fornecedores de conteúdo, como o Google e o Facebook, a pagar taxas extras para chegar aos usuários de outros países. Para algumas empresas de tecnologia, a proposta da Associação de Operadoras de Redes de Telecomunicações Europeias interferiria na neutralidade da rede, que prevê a igualdade de acesso e velocidade a todo o conteúdo online, independente de quem envia ou recebe os dados, e independente de relações econômicas dos provedores ou servidores. A ideia dos europeus é que esse dinheiro seja usado para expandir a banda larga nos países em desenvolvimento, mas os críticos apontam que empresas como o Facebook poderiam cortar o acesso a seus sites a partir de países em que os impostos fossem muito altos. Independente das propostas, o resultado afetará bilhões de usuários da rede. "Podemos esperar uma internet completamente diferente ao sistema aberto e global de hoje em dia", afirmou sobre o tema o secretário-geral da Confederação Internacional da União do Comércio, que representa mais de 175 milhões de trabalhadores no mundo, Sharan Burrow, na véspera do evento.


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