Entre sucessos e decepções: o Brasil na Olimpíada de Londres

Após início arrasador, eliminações funcionaram como um choque de realidade 


Montagem sobre fotos de Adrian Dennis e Matt Dunham, AFP / clicRBS
Sarah Menezes surpreendeu o país ao levar ouro no primeiro dia, já Diego Hypólito decepcionou ao cair nas eliminatórias do solo
Foto:  Montagem sobre fotos de Adrian Dennis e Matt Dunham, AFP  /  clicRBS

(do Santa) O Brasil olímpico de Londres ainda não mostrou a sua cara. Ou melhor, mostrou duas. No último sábado, um jeitão de potência esportiva, um início arrasador com três subidas ao pódio — ouro e bronze no judô, prata na natação —, e alguns inclusive fugazes minutos na liderança do quadro de medalhas. De lá para cá, eliminações que funcionaram como um choque de realidade. Entre sucessos e decepções, o mais provável é que a resposta esteja entre os dois conceitos. Não há grande certeza, sequer, sobre o parâmetro de sucesso ou de decepção a ser usado, como ilustra a confusão entre o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e o governo federal, pouco antes do início dos Jogos. O COB olhou para os 259 atletas que levou à Grã-Bretanha, avaliou suas chances e previu um desempenho igual ao de Pequim/2008: voltar para casa com 15 medalhas, o teto do país na história olímpica. O ministro Aldo Rebelo, do Esporte, chutou mais alto: 20 medalhas é o mínimo para um país que distribui bolsas-atleta a seus competidores, argumentou. – Nossa estimativa é baseada em critérios técnicos – deu de ombros o superintendente executivo de Esportes do COB, Marcus Vinicius Freire. Que tal uma opinião especializada – e de fora? A revista americana Sports Illustrated é mais otimista do que ambos, atribuindo 23 medalhas para os brasileiros. Os três dias depois de disputa após as medalhas de sábado mostraram que não será tão simples assim superar com folga a contagem final de Pequim. O próprio ministro Rebelo reconheceu: – Ninguém se torna potência olímpica do dia para a noite, mas já alcançamos excelência em alguns esportes. Entre os esportes com maior chance de medalhas, o ministro apontou a natação, o vôlei, o futebol, que busca seu primeiro ouro em Olimpíada, e o judô, que conta com brasileiros em todas as categorias. Justamente por isso, o esporte dos quimonos era uma das grandes esperanças para aumentar a coleção de medalhas, sobretudo quando Sarah Menezes alcançou o lugar mais alto do pódio logo no primeiro dia de medalhas – em Pequim, o primeiro ouro veio apenas no sétimo dia, com Cesar Cielo. A meta de quatro medalhas estabelecida pela confederação ainda pode ser batida: além da gaúcha Mayra Aguiar, outros dois lutadores têm boas chances durante a semana – Tiago Camilo, prata em Sydney e bronze em Pequim, e o estreante Rafael Silva. Ontem, os otimistas ganharam munição. A seleção de vôlei masculino comandada por Bernardinho mostrou garra ao derrotar os russos por 3 a 0 e retomar parte da confiança para buscar uma posição entre os melhores. Na piscina, Cielo avisou que não está para brincadeiras, indo para a final dos 100m livre com seu melhor tempo neste ano – aliado à saltadora Fabiana Murer, o nadador é uma das esperanças brasileiras de ouro individual. Sucesso ou decepção? Na editoria de Esportes de ZH, também não houve consenso. Os mais pessimistas são mais contidos do que o COB e esperam 12 medalhas. Os mais otimistas não chegam à previsão do ministro Rebelo – qualquer coisa além de 18 medalhas será uma zebra positiva. A resposta segue em construção, até o dia 12 de agosto. As expectativas: Futebol Já classificada para as quartas de final, a Seleção caminha firme e forte para o ouro inédito, ainda mais que um dos favoritos já está eliminado (a Espanha). Hoje, às 10h30min, cumpre tabela contra a Nova Zelândia. Vôlei de praia Nossas quatro duplas estão com 100% de aproveitamento em duas rodadas: se não se cruzarem antes das semifinais, Alison/Emanuel, Ricardo/Pedro Cunha, Juliana/Larissa e Talita/Maria Elisa podem trazer quatro medalhas. Natação Cesar Cielo garantiu vaga na final do 100m livre, às 16h20min de hoje. Amanhã, nadará sua especialidade, os 50m. Dá para torcer ainda por Thiago Pereira nos 200m medley (eliminatórias hoje) e por Poliana Okimoto na maratona aquática (dia 9 de agosto). Vela Na classe Star, Robert Scheidt e Bruno Prada fazem um duelo com os britânicos Iain Percy e Andrew Simpson - líderes com quatro pontos à frente dos brasileiros. A regata final, a Medal Race, será no domingo. Vôlei Sob desconfiança após o sexto lugar na Liga Mundial, a seleção masculina mostrou força ontem ao bater a Rússia por 3 sets a 0, pela segunda rodada da fase classificatória. Atuais campeãs olímpicas, as mulheres entram em quadra às 18h de hoje, pela terceira rodada, contra a Coreia do Sul. Judô A gaúcha Mayra Aguiar, número 1 do mundo em sua categoria (até 78kg), estreia em Londres amanhã, às 7h. Apesar de jovem _ completará 21 anos na sexta-feira _, tem experiência: participou da Olimpíada de Pequim, em 2008. Atletismo Atual líder do ranking mundial de salto com vara, Fabiana Murer disputa as eliminatórias da prova no sábado. O problema é a vice: a recordista mundial Yelena Isinbayeva, única mulher a superar a marca dos 5m. Basquete Estrelada por jogadores da NBA como Nenê (E, na foto), a seleção masculina chegou a Londres com pinta de pódio. Apesar de positivos, os primeiros resultados não animam _ ontem, sofreu para ganhar por 67 a 61 a fraca Grã-Bretanha. O Brasil conseguiu a façanha de só marcar quatro pontos no primeiro quarto. Os fracassos: Amarelada na ginástica Diego Hypólito repetiu no sábado o desempenho de Pequim/2008, quando levou um tombo na performance da ginástica artística. – Amarelei – resumiu o atleta, um dos melhores do mundo no solo. Freguesia no vôlei Com cinco derrotas seguidas em menos de um ano (incluindo a de segunda-feira, em Londres), a seleção de vôlei feminino está com um gravíssimo caso de Síndrome do Freguês ante os EUA. É uma duradoura vingança das americanas por conta da derrota na final de Pequim/2008.
Categorias:

0 comentários