(do Terra) O zagueiro Átila completou 10 anos nas categorias de base do Corinthians e foi presença nas Seleções inferiores até os 17. Hoje, com 21 anos, poderia estar em preparação para os Jogos Olímpicos de Londres, mas está reconstruindo a carreira no St. Gallen, time da segunda divisão da Suíça. A mudança de rumo em uma trajetória que parecia destinada ao sucesso teve como ponto de virada uma contusão que o afastou dos gramados por dois anos.
Faltava uma semana para o início dos Jogos Pan-Americanos de 2007 quando o drama de Átila teve início. Já nomeado capitão, o zagueiro sofreu um rompimento no ligamento cruzado do joelho esquerdo que não só o tirou daquele torneio como o afastou do futebol por um longo período. A estimativa inicial era de nove meses de recuperação, mas uma cirurgia mal-sucedida aumentou o sofrimento para dois anos após nova intervenção médica.
"Foram anos muito difíceis. Pensei em desistir, mas o ponto positivo é que hoje vejo que isso me deixou mais forte", disse o jogador antes da partida de seu atual time contra o Bruhl, no último sábado, em St. Gallen. Átila ficou fora do jogo, mas compareceu ao estádio para acompanhar das tribunas a vitória por 3 a 1 da equipe da casa, líder da segunda divisão suíça.
A tentativa de reconstruir a carreira longe do Brasil muito tem a ver com a dificuldade na recuperação de sua lesão. O tempo parado interrompeu uma evolução que já havia garantido a promoção ao grupo principal corintiano em 2007, quando o time era comandado por Paulo César Carpegiani. Não chegou a estrear pelo profissional, frustração que, como corintiano de coração, ainda remói.
O tempo parado aumentou a sua ansiedade. Quando recuperado, já com 19 anos, preferiu buscar novos rumos do que aguardar nova chance no clube paulista. Não renovou com o clube paulista e partiu para uma experiência no Bahia. "Eu estava cansado do Corinthians, mas depois que saí senti saudade", disse.
O insucesso no Bahia, clube no qual não conseguiu a sequência que pretendia para voltar a ter espaço no futebol brasileiro, aumentou sua desilusão. Pensou em desistir mais uma vez, pois não conseguia lidar com o fato de ter cumprido todas as etapas para ser um jogador de sucesso até sofrer a lesão. "Até sofrer a contusão eu dava entrevistas, as pessoas sabiam que eu existia. Depois, fui esquecido".
Reconstrução
Vestido de terno e gravata no espaço reservado para convidados do St. Gallen para assistir à partida, Átila ainda está longe de cumprir suas metas no futebol. Diz que não está em campo porque se recupera de uma lesão muscular na região lombar, mas ainda não jogou na campanha avassaladora de seu clube na segunda divisão suíça (42 pontos em 17 jogos). É ainda tratado como uma promessa dentro do clube.
Diferente de antes, ele demonstra satisfação com seu momento. Conta que leva uma vida estável na Suíça, tem toda a estrutura necessária oferecida pelo clube e lida bem com a solidão de viver longe da família que ainda mora em São Paulo. Mudou-se para a Suíça em 2011 por sugestão de seu empresário que um dia já jogou no St. Gallen e se diz entusiasmado. "Aqui tenho tudo que preciso para desenvolver meu futebol".
Desenvolvimento que, se seguisse o curso natural, poderia credenciá-lo a uma vaga nos Jogos Olímpicos de Londres. Hoje, no entanto, o máximo que pode fazer é tietar os jogadores da Seleção Brasileira que chegam a St. Gallen entre hoje e amanhã para a disputa do amistoso contra a Bósnia na quarta-feira. "Prefiro não pensar que poderia estar lá. Prefiro pensar que aquele período me deixou mais forte", repetiu.
A estabilidade encontrada na Suíça fez de Átila uma pessoa menos ansiosa. Os sonhos, no entanto, seguem os mesmos de todas as jovens promessas do futebol. "Pode parecer difícil que alguém olhe um jogo da segunda divisão suíça, mas estou no centro da Europa e sei que ainda posso me sobressair", disse. Sua pouca idade, apesar de uma trajetória já extensa, contribui para que a esperança seja plausível.


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