Com greve, comércio de Salvador vive rotina de tensão


(da BBC) Na Liberdade, um dos bairros mais atingidos pela insegurança, o comércio teve de baixar as portas mais cedo. O movimento, no entanto, parece perder força após a prisão do líder grevista Marco Prisco.

Patrícia Brasil, 27 anos, vendedora de uma floricultura, conta que nos últimos dias motoqueiros passaram pelas ruas do bairro mandando os comerciantes fecharem as lojas e anunciando arrastões.
"A Liberdade é um bairro calmo, um bairro bom de morar. Mas sem a polícia, ficou o bairro pior", diz Patrícia.
Ela diz estar ansiosa para o fim da greve, para voltar a “viver em paz” e sair às ruas com tranquilidade.
"É assustador, é terrivel. Eu mesma não sabia o quanto a polícia fazia falta. E fui ver que faz muita falta", disse.
PMs desocupam Assembleia
Os cerca de 240 policiais militares em greve que ocupavam a Assembleia Legislativa da Bahia deixaram o local na manhã desta quinta-feira.
O movimento decidiu manter a greve, que já entra em seu décimo dia. Na tarde desta quinta-feira, no entanto, o comando da 34ª Companhia Independente da Polícia Militar anunciou que a greve foi encerrada em sete cidades do interior. As informações são do jornal A Tarde.
Durante a desocupação da Assembleia, os dois líderes do movimento, Marco Prisco e Antônio Paulo Angelin, foram presos e deixaram o prédio pelos fundos. Ambos foram levados para a sede da Polícia do Exército em Salvador.
A desocupação ocorre um dia após a divulgação de uma gravação feita pela Justiça na qual Prisco aparece articulando atos de vandalismo em Salvador.
Em outra gravação, Prisco conversa com um membro do corpo de bombeiros do Rio de Janeiro, Benevuto Daciolo, sobre o possível alastramento da greve para o Rio e até São Paulo.

Daciolo também foi preso nesta quinta-feira, ao desembarcar no aeoroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.
Dilma se diz 'estarrecida'
A presidente Dilma Rousseff se disse, nesta quinta-feira, “estarrecida” com as gravações entre Prisco e Daciolo.
"Fiquei estarrecida ontem quando vi gravações em uma televisão, a TV Globo, sobre o fato de que há outros interesses envolvendo a paralisação. Isso não é correto", disse Dilma, durante visita às obras da rodovia Transnordestina no interior de Pernambuco.
"Por reivindicações, as pessoas não podem ser presas nem condenadas. Agora, por atos ilícitos, por crimes contra a pessoa e a ordem pública, não podem ser anistiadas", disse Dilma.
A presidente disse que considera legítimas "as reivindicações em uma democracia".
"Mas não podemos admitir que seja correto espalhar o pânico, o medo e criar situações não compatíveis com a democracia", afirmou.
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