Anvisa não recebeu notificações de problemas com próteses suspeitas


(do UOL) A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou nesta sexta-feira (23) que não recebeu notificações de pacientes que tiveram problemas com as próteses mamárias da empresas francesas PIP. Hoje, o governo francês recomendou que “a título de prevenção “ sejam retiradas as próteses de cerca de 30 mil mulheres.

Um número não conhecido destes implantes contém silicone em gel inapropriado para uso médico e, portanto, apresenta risco potencial para a saúde em caso de ruptura da prótese. No Brasil, a marca foi proibida pela Anvisa em abril de 2010, mas, antes disso, cerca de 25 mil mulheres colocaram a prótese PIP.

A Anvisa recomenda aos pacientes que possuem a prótese que entrem em contato com os médicos. A mesma orientação foi dada para os médicos. O órgão pede ainda que os médicos informem a Anvisa se tiverem registro de algum paciente com problema.

No Brasil são realizadas a cada ano 100 mil cirurgias de implante mamário de silicone, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), que recomenda aos pacientes que adiantem a revisão das próteses.

"Os fatos médicos que conhecemos indicam que essas próteses podem produzir uma ruptura mais precoce e com mais possibilidade de reação inflamatória, e por isso a SBCP recomenda que as pacientes que as usam adiantem a revisão para comprovar a integridade das próteses", disse o presidente da entidade, José Horácio Aboudib.

Apesar de recomendar a retirada dos implantes, o governo francês disse que não existem provas de que essas próteses aumentem o risco de câncer.

Aboudib declarou-se surpreso com a decisão das autoridades francesas de recomendar agora a retirada dessas próteses: "Esse tema leva dois anos. Houve investigações e as autoridades francesas concluíram que os casos de câncer não estavam relacionados às próteses. Me parece mais uma decisão política do que médica, porque não parece que haja fatos médicos novos", disse.

Londres não recomenda remoção
As autoridades britânicas da Saúde anunciaram hoje que o governo do Reino Unidos não recomenda a remoção dos implantes mamários produzidos pela empresa francesa PIP, utilizados por 42 mil mulheres no país, posição contrária à adotada pela França.

O ministro da Saúde, Andrew Lansley, disse à rede de televisão BBC que as autoridades médicas britânicas "não têm evidências da relação do uso das próteses com a incidência de câncer". "Não temos provas da toxicidade, nem evidências da existência de uma diferença substancial quanto à ruptura dos implantes em comparação com outros produtos", afirmou.

Sally Davis, do serviço de saúde pública, ressaltou que, "apesar de respeitar a decisão do governo francês, nenhum outro país seguirá o mesmo caminho por não existirem evidências que sustentem tal determinação". "Por esta razão, e porque a remoção de implantes também representa risco, não recomendamos essa operação agora".
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