Omissão e outras irregularidades farão multa à Chevron ultrapassar R$ 50 milhões, diz governo

(do UOL) O governo federal afirmou em
entrevista coletiva na tarde desta
segunda-feira (21) que a empresa
norteamericana Chevron, responsável
pelo vazamento de petróleo na bacia
de Campos, no litoral fluminense,
sonegou informações sobre o
episódio apesar de ter sido notificada
pela ANP (Agência Nacional de
Petróleo). O governo teria pedido
vídeos sobre as perfurações, e o
material não foi entregue pela
empresa.
O acidente ambiental foi detectado no
último dia 8, quando funcionários da
Petrobras avisaram à Chevron sobre
uma mancha de óleo na água.
Esta omissão e outros problemas,
como a falta de equipamentos no
Brasil para estancar o vazamento,
levarão o governo a multar a empresa
em mais de R$ 50 milhões --o valor
exato, entretanto, não foi estimado. A
multa de R$ 50 milhões é o valor
máximo para crimes ambientais desse
tipo e já foi aplicado pelo Ibama
nesta segunda- feira, mas, segundo a
ministra do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira, a atribuição de novas
infrações à Chevron devem tornar o
valor da multa ainda maior.
O diretor da ANP, Haroldo Lima,
chamou a empresa de negligente e
acusou a Chevron de omitir
informações ao editar vídeos que
mostrariam o lugar onde ela opera.
“Se isso foi feito de má-fé, não é
problema nosso, o que é problema
nosso é algo objetivo: o plano de
abandono não foi posto de maneira
efetiva porque estava faltando um
equipamento-chave que nós
supúnhamos que estivesse aqui no
Brasil –ele só chegou hoje e isso
atrapalhou o processo e isso merece
uma alta infração”, disse Lima.
“Foram feitos diversos filmes no
fundo do oceano e muitos deles não
foram passados, vieram alguns e
outros não. Isso significa que foi
editado o processo. Isso também é
uma alta infração”, complementou.
Lima afirmou ainda que a empresa
pode sofrer penas além das multas,
como o rebaixamento de sua
classificação para operar no país e até
a proibição de que ela volte a operar.
A reportagem entrou em contato com
a Chevron, mas a empresa afirmou
que está analisando as informações e
não quis comentar as acusações.
Vazamento agora é "residual"
A análise técnica feita pela ANP
indicou nesta segunda-feira (21) que
o vazamento já é residual. “A
expectativa é controlar o vazamento
em curto prazo”, disse Lima. Ele
afirmou na tarde desta segunda-feira
(21), ao lado dos ministros de Minas e
Energia, Edison Lobão, e do Meio
Ambiente, que há apenas “bolhas”
saindo de um dos 28 pontos
observados por técnicos.
Lima disse ainda que a Chevron terá
“mais dificuldades” para obter licença
de exploração do petróleo do pré-sal
no mesmo campo. A ANP deve
arbitrar sobre o assunto na próxima
quarta-feira (23).
O auge do vazamento se deu no dia
11 de novembro, quando até 600
barris de petróleo vazavam
diariamente na região, depois esse
percentual foi diminuindo, segundo a
ANP.
Mais cedo, o presidente da
subsidiária brasileira da Chevron,
George Buck, calculou em 2,4 mil
barris (381,6 mil litros) volume total
de petróleo vazado. Essa foi a
primeira estimativa feita pela Chevron
sobre o total de óleo que vazou no
desastre.
Buck disse em entrevista coletiva que
todos os esforços estão sendo feitos
para retirar o petróleo que vazou e
que a companhia está utilizando
materiais permitidos pelo Ibama para
fazer esse trabalho. "Não colocamos
nem areia nem farinha na contenção
da mancha. Apenas materiais
autorizados pelo Ibama."
Buck voltou a assumir total
responsabilidade da empresa pelo
vazamento e ressaltou que o produto
será retirado da superfície. "É
inaceitável qualquer óleo na
superfície e vamos tomar todas as
providências para isso."

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