"Não me importo com o que as pessoas dizem de mim. Agora eu estou preocupado com o meu país, me importo com o Egito", disse Mubarak, enquanto violentos protestos contra ele chegam ao décimo dia seguido.
"Estou muito triste com (o que aconteceu) ontem. Não quero ver os egípcios lutando entre si", afirmou ele.
| Khalil Hamra/AP | ||
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| Manifestantes antigoverno atiram pedras durante confrontos no Cairo; mortos sobem para 13 em dois dias |
As fontes não forneceram detalhes sobre o tipo de ferimentos as vítimas sofreram. A informação foi divulgada pouco depois do início do toque de recolher, às 17h do horário local (13h de Brasília), em meio a uma grande tensão nas ruas do Cairo.
O vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, disse nesta quinta-feira que nem o ditador Hosni Mubarak nem seu filho, Gamal -- que era visto como possível sucessor do pai-- se candidatarão nas eleições presidenciais marcadas para setembro, informou a TV estatal.
No pronunciamento, ele também prometeu punir todos os responsáveis pelos episódios de violência que assolam o país, e pediu a soltura dos jovens detidos nos protestos antigoverno que não estejam envolvidos nos incidentes violentos.
| Dylan Martinez/Reuters | ||
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| Mulheres gritam slogans antigoverno durante protesto contra ditador Hosni Mubarak |
Entre os convidados está a Irmandade Muçulmana, principal força da oposição egípcia. Suleiman confirmou que o grupo foi "contatado e convidado ao diálogo. Mas eles estão hesitantes", disse à emissora estatal.
Apesar de ser o maior e mais organizado grupo no Egito, a Irmandade Muçulmana foi banida como partido político. Por isso, seus partidários concorrem nas eleições como independentes.
Suleiman afirmou ainda que eleições presidenciais, marcadas para setembro, não serão atrasadas --e podem até ser antecipadas para agosto-- e que, nesse período, acontecerão reformas legislativas e constitucionais. Especificamente, ele citou às restrições existentes para a nomeação de um presidente, e disse que elas serão amenizadas.
Ele ainda culpou estrangeiros, a oposição e empresários de inflamarem os protestos, e descreveu o papel dos militares no caos pela primeira vez. Ele disse que eles estão nas ruas para garantir o cumprimento do toque de recolher, proteger a população de criminosos e para encobrir a falta de capacidade da polícia para lidar com os protestos
PREMIÊ
Mais cedo, o premiê do Egito, Ahmed Shafiq, reiterou seu pedido de desculpas pelos confrontos dos últimos dois dias na praça Tahrir, no centro do Cairo, entre manifestantes pró e antigoverno e disse não saber quem está por trás da violência. Em entrevista coletiva a jornalistas, Shafiq afirmou ainda que está disposto a negociar com quer for para encerrar a crise.
A entrevista ocorre horas depois de manifestantes pró e antigoverno voltarem a se enfrentar na manhã desta quinta-feira, em uma rua próxima à praça Tahrir, no Centro do Cairo, onde horas antes os governistas abriram fogo contra opositores do regime de Hosni Mubarak, no poder há 30 anos.
| Dylan Martinez/Reuters | ||
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| Manifestantes antigoverno gritam slogans durante protestos em massa; violência mata 13 em dois dias |
"A prioridade é descobrir o que aconteceu ontem [nesta quarta-feira]", disse Shafiq, que prometeu uma investigação "completa e profunda" sobre os confrontos. "Para saber se foi planejado, acidental, liderado por uma pessoa, um grupo... Lidaremos de acordo com a lei e logo com quem for responsável pelo que aconteceu ontem e que causou este caos".
JORNALISTAS
Enviados para o Egito para a cobertura da crise no país, o jornalista Corban Costa, da Rádio Nacional, e o repórter cinematográfico Gilvan Rocha, da TV Brasil, foram detidos, vendados e tiveram passaportes e equipamentos apreendidos.
Desde a noite de ontem até a manhã desta quinta-feira, Corban e Gilvan ficaram sem água, presos em uma sala sem janelas e com apenas duas cadeiras e uma mesa, em uma delegacia do Cairo.
Segundo o enviado especial da Folha ao Cairo, Samy Adghirni, os conflitos entre manifestantes pró e contra o ditador Hosni Mubarak chegaram à porta do hotel Hilton, onde havia jornalistas estrangeiros hospedados. Ouça o relato:
"É uma sensação horrível. Não se sabe o que vai acontecer. Em um primeiro momento, achei que seríamos fuzilados porque nos colocaram de frente para um paredão, mas, graças a Deus, isso não aconteceu", afirmou Corban, que volta amanhã com Gilvan para o Brasil.
Para serem liberados, os repórteres foram obrigados a assinar um depoimento em árabe, no qual, segundo a tradução do policial, ambos confirmavam a disposição de deixar imediatamente o Egito rumo ao Brasil. "Tivemos que confiar no que ele [o policial] dizia e assinar o documento", contou Corban.
No caminho da delegacia para o aeroporto do Cairo, Corban disse ter observado a tensão nas ruas e a movimentação intensa de manifestantes e veículos militares nos principais locais da cidade. Segundo ele, todos os automóveis são parados em fiscalizações policiais e os documentos dos passageiros, revistados. Os estrangeiros são obrigados a prestar esclarecimentos. De acordo com o repórter, o taxista sugeriu que ele omitisse a informação de que era jornalista. Fonte: Folha de São Paulo





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